quarta-feira, 15 de julho de 2009

Manejo do Risco: Asset Allocation

Qual investimento vai render mais: a renda fixa, os imoveis ou a bolsa? Infelizmente não sabemos o futuro, do contrário, bastaria investir no que for mais rentável. Por exemplo no ano de 2008 o investimento mais rentável foi o dólar; enquanto que as ações cairam 41,22%. Agora quem no inicio de 2008 esperava que a bolsa caisse tanto e que o dolar fosse subir tanto? O mercado de ações tem sido o investimento mais rentável no longo prazo. Porém no curto prazo os retornos são altamente voláteis e imprevisiveis, e dependem de inumeros fatores fora do nosso controle, como o ciclo econômico, taxa de juros, inflação, crescimento da economia e situação politica mundial, além de movimentos especulativos. Isto se traduz por uma grande flutuação dos rendimentos no curto prazo da bolsa. E mesmo em períodos mais longos a bolsa pode trazer um rendimento negativo. Veja por exemplo o caso do Japão, que está em um bear market desde 1990; e os Estados Unidos caminham na mesma direção, seguindo quase os mesmos passos do Japão. Em um determinado ano ou periodo de tempo a bolsa supera a renda fixa; em outros periodos a renda fixa supera a bolsa. A fim de diminuir a volatilidade da carteira, além de investir em um portfolio de ações diversificado, a ferramenta mais importante para o investidor é o asset allocation, ou alocação de ativos, a divisão dos investimentos em varias classes de ativos além das ações, que tenham pouca correlação uns com os outros.

No estudo "Determinantes da performance do Porfolio II: Update" Gary P. Brinson avaliou o impacto de uma asset allocation passiva(investir no indice), ativa e do stock picking (seleção de ações) em 82 grandes planos de pensão no período de 1977-87, nos estados Unidos; e encontrou que em média a asset allocation explicava 91,5% da variabilidade dos retornos de um mesmo fundo durante o tempo. Em outras palavras a percentagem de seus investimentos que está investida em ações (alocação passiva) foi muito mais importante do que a seleção individual de ações e do que o market timing. Roger Ibbotson e Paul Kaplan em 2000 publicaram o estudo: "A Asset Allocation explica 40, 90 ou 100% da performance?" e demonstraram que a asset allocation é responsável por 90% da variação dos retornos de um fundo durante um certo tempo, por praticamente 100% do retorno de um fundo e por 40% da diferença de retornos entre vários fundos. Assim a asset allocation é o principal fator controlável que o investidor pode usar para diminuir o risco e aumentar o retorno.

O ideal é alocarmos uma parte de nossos investimentos em cada um das principais classes de ativos: ações, renda fixa, cambio e imoveis. Cada uma destas classes de ativos tem um objetivo especifico dentro do portfolio. A Renda fixa prove estabilidade do portfolio e crescimento discreto por meio dos juros; a bolsa prove acompanhamento do crescimento da economia e dos ganhos de produtividade e de inovação, sendo o grande responsável pelo crescimento do porfolio; o cambio prove estabilidade frente a possibilidade de desvalorização da moeda; e os imoveis proveem seguimento dos ganhos do mercado imobiliario, hedge contra a inflação e crescimento discreto atraves dos alugueis.

Qual a melhor alocação? Isto depende de inumeros fatores: a idade, objetivos de curto e de longo prazo, tolerancio ao risco, entre outros. No geral, baseando-se nos retornos historicos superiores do mercado acionário no longo prazo e na volatilidade histórica, qualquer investimento cujo objetivo seja de curto prazo, menor ou igual a 5 anos, não deveria ser investido no mercado de ações, devido ao risco de perda. E todo o investimento de longo prazo, com prazo maior que 5 anos, deveria ser investido nas ações. Em futuros posts vamos detalhar melhor algumas estratégias de alocação.

6 comentários:

  1. Inv. e Fin., faltaram as commodities, notadamente o ouro, que muitos utilizam como proteção contra a inflação e possui correlação negativa com a bolsa na época de crises.

    Agora a alocação de ativos não seria algo mais gradual? até 5 anos 100% RF/cambio/imoveis e mais do que 5 anos 100% RV não faz muito sentido pra mim...

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  2. IF 42,

    Infelizmente no Brasil não existem boas alternativas para investir em commodities; apenas alguns fundos multimercado investem em commodities agricolas, mas acho pouco transparentes e não recomendo. O ouro eu incuo dentro do cambio, por ser tambem uma moeda.

    Quanto a alocação, o que quis dizer é que, geralmente um investidor tem tanto objetivos de curto como de longo prazo. Dentro de seu portfolio, a porção destinada a objetivos de curto prazo ou que o investidor pode precisar dentro de 5 anos não deveria estar em açoes; e a parte destinada a investimentos de longo prazo deveria estar na bolsa. Espero que tenha ficado mais claro.

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  3. IF,

    O Ouro está na classe do câmbio, servindo contra uma possível desvalorização cambial.

    E acredito que a proposta em se avaliar o prazo dos investimentos não é se expor em 100% em algum de acordo com mais ou menso de 5 anos. O que acredito é que podemos aumentar a parcela de investimentos mais conservadores para prazos mais curtos e aumentar a parcela de risco para prazos maiores que 5 anos.

    Inv. e Fin, esse tema é fundamental. O tema que mais aprecio no mercado financeiro.

    Te mandei um e-mail. Depois dá uma conferida lá.

    Abraços!

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  4. Vamos dar um exemplo para esclarecer o que quis dizer:

    Se uma pessoa vai precisar de 30% dos seus investimentos para daqui a 3 anos, por exemplo, para comprar uma casa; ela não deveria colocar esta parcela de 30% na bolsa; o restante 70%, se ela vai manter para um longo prazo, para aposentadoria, ela poderia investir esta parcela na bolsa. Assim este investidor teria uma alocação de 70% na bolsa e 30% em outros ativos como renda fixa; de acordo com seus objetivos.

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  5. Concordando com Henrique, você está colocando as coisas como 8 ou 80 Inv. e Fin... imagine que há a "alocação dentro da alocação"... no seu caso seria 100% RF para compra da casa daqui a 3 anos e 100% RV para aposentadoria, quando um mix seria mais apropriado pelo menos na questão da casa... levando ao extremo o seu pensamento, quando uma pessoa efetivamente se aposentar ela teria que ter 100% em RF, o que não faz o menor sentido.

    Abraços!

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  6. IF 42,

    Eu particularmente acredito que investimentos de curto prazo, que considero serem quaisquer investimentos com prazo definido menor que 5 anos, como a compra de uma casa, não deveriam ser investidos na bolsa, devido ao risco de perda do principal. Acho que os investimentos devem ser compativeis com a finalidade e o prazo de resgate.
    Quanto a aposentadoria, eu não recomendo que esteja tudo na RF, mas apenas o que a pessoa planeja gastar nos proximos 5 anos; o restante poderia ser alocado na bolsa. Digamos, se alguem tem um milhão pra aposentadoria e gasta 5000/mes, ou seja, 60000/ano; acho que esta pessoa deveria manter pelo menos 300000 na RF, que seria o valor de todos os seus gastos em 5 anos. O restante, 700.000 poderia ser alocado na bolsa. É obvio que existem diversos outros fatores como a tolerancia ao risco da pessoa. Eventualmente na aposentadoria talvez fosse prudente deixar uma parte maior fora da bolsa, para diminuir a volatilidade da carteira.

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