segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um ano investindo em Fundos Imobiliarios - parte 2

Se não leu ainda leia o post anterior.

Comecei então a diversificar a carteira. Além do EURO11 comprei cotas dos seguintes FII, seguindo os critérios descritos no último post: FFCI11, FLMA11, FPAB11, FMOF11, HCRI11B e PABY11. As compras foram feitas durante vários meses. Durante estes meses houve uma forte valorização dos FII devido a queda na taxa SELIC. Então consegui um preço bom nos primeiros FII que comprei; enquanto que os adquiridos mais recentemente já foram comprados a um preço maior. Abaixo está o meu preço médio de compra e rentabilidade





Nesta tabela podemos ver os preço médio de compra (PM compra), lucro, preço atual (18/12/09) e percentual relativo de cada FII na carteira de fundos imobiliários. Como podemos ver os fundos que tiveram maior valorização foram o EURO11, FFCI11, FLMA11 e HCRI11. Estes valores como já comentados não se referem ao mesmo período. O EURO11 eu tenho já há um ano. Outros são bem mais recentes. Considerando todos os FII o rendimento total dos FII foi de 16,84%, quase o dobro do CDI no período.

Agora analisemos as distribuições de rendimento mensal da carteira como um todo:



Esta tabela mostra os rendimentos mensais como Yeld em relação ao valor da compra, e não em relação ao valor atual da cota. Este método é interessante pois permite analisar o rendimento independente da valorização das cotas. Lembrar que estes valores são isentos de IR e portanto líquidos. Existe uma certa variação mensal principalmente devido a alguns fundos como o FLMA11 e o PABY11 que tem uma distribuição bem mais irregular. Como vemos em relação ao valor de compra os rendimentos mensais tem se mantido em valores bem atraentes. Em relação ao valor de compra os rendimentos já equivalem a 9,19% do valor total investido. Estes valores foram reinvestidos na compra de mais cotas.

Agora analisando o rendimento total dos FII, juntando o rendimento mensal e a valorização das cotas chegamos a 28,66%, sem considerar os rendimentos recebidos em dezembro, que não estão contabilizados, um valor próximo do triplo do CDI. Do rendimento total dos FII, 35% foi devido aos rendimentos mensais e 65% foi devido a valorização da cota.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Um ano investindo em Fundos Imobiliarios - parte 1

Eu venho investindo em FII há pouco mais de um ano. Eu já vinha lendo e estudando sobre as vantagens e desvantagens dos FII, mas eu comecei realmente a investir em outubro/2008, no meio da crise econômica, como uma forma de diversificação. Na época os FII desvalorizaram junto com a bolsa e os títulos pré-fixados, quando muitos procuravam liquidez e as taxas de juros de curto prazo subiam. Isto permitiu comprar cotas relativamente baratas. Como já comentei anteriormente os FII se comportam como um título pré-fixado de longo prazo que faz pagamentos mensais.

Ao tentar escolher em qual FII investir eu utilizo parâmetros qualitativos e quantitativos. Os qualitativos são a localização do imóvel (geralmente visito aqueles que posso, pelo menos os que estão em São Paulo, onde moro, que são a maioria), o tipo do imóvel, a fonte das receitas do FII e o bairro em que se encontra, além da perspectiva de valorização da região, apesar deste último aspecto ser extremamente difícil e subjetivo. Os parâmetros quantitativos basicamente são a relação entre o pagamento mensal e o valor da cota, o que seria semelhante a um dividend yeld ou ao rendimento de um fundo de renda fixa. Basicamente se o rendimento for maior ou igual ao rendimento da selic mensal eu considero um rendimento aceitável. Não me preocupo com a liquidez pois a idéia é manter pro longuíssimo prazo.

Comecei em outubro investindo no EURO11 (Europar); a cota estava em R$136,00 o que dava 1% ao mês livre de IR, ou seja excepcional. Comprei o máximo que pude. No mês seguinte comprei um pouco mais, já mais caro, mas fiquei com um preço médio de 137.54. E quando começou a cair o dinheiro na minha conta da corretora comecei a me empolgar. Usava o dinheiro pago de rendimento para comprar novas cotas, o famoso juros sobre juros. No mês seguinte já estava bem confiante nos FII e comecei a ver que eram uma excepcional ferramente de investimento, pois eu recebia um rendimento mensal isento de IR e ganharia também com a valorização das cotas. As cotas basicamente se valorizam se houver valorização do mercado imobiliário, se houver aumento dos pagamentos mensais ou se houver queda na taxa de juros. Comecei então a investir mais pesado nos FII, principalmente por causa da segurança de saber que ao investir nos FII você está investindo em um ativo real.

Próximo post eu continuarei mostrando os outros fundos que investi além dos rendimentos mensais.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Deixe seus investimentos no piloto automático

Bem pessoal estou de volta, depois de um bom tempo sem posts; mas não estava de férias não. Pelo contrário estava tranbalhando bastante. Mas agora devo ter mais tempo livre e voltarei a postar com mais frequencia.

Uma das grandes vantagens de uma estratégia passiva, focada em asset allocation e em buy and hold pro longo prazo é voce poder se desligar um pouco do mundo das finanças e deixar seus investimentos no piloto automático. Isto permite a voce a se focar no que voce faz de melhor, no seu próprio trabalho, enquanto seus investimentos vão rendendo sozinhos. E isto de uma maneira muito segura, pois se você usar uma estratégia semelhante ao portfolio permanente que descrevemos, com ampla diversificação entre ações (através de um ETF), renda fixa, imóveis (através de fundos imobiliários) e ouro, você pode dormir tranquilo, sabendo que voce vai estar recebendo o rendimento do mercado e que nenhum evento por pior que seja poderá devastar seus investimentos.

Você pode passar tempo com sua família, brincar com seus filhos; pode se dedicar a esportes ou ao lazer sem precisar ficar de olho grudado no home broker. Afinal o mercado é imprevisível e não sabemos e nem podemos saber o futuro. Assim não conseguiremos por mais esforço que façamos descobrir os fundos e topos e vamos acabr perdendo do mercado devido as muitas taxas, trades errados e pagamento de imposto de renda nos trades certos.

No proximo post vou publicar minha experiência de um ano em investimento em fundos imobiliários.

Abs

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Realocação

Apos montar um portfolio com uma alocação adequada aos seus objetivos de investimento e tolerancia ao risco uma recomendação frequente é realocar apos X% de mudança no portfolio original. O objetivo da realocação é retornar o portfolio a asset allocation original e devolver o "equilibrio" ao portfolio. Alguns argumentam que a realocação aumenta os lucros no longo prazo e que diminui o risco da carteira. Mas o que realmente acontece ao realocar? E quais os riscos?

Basicamente a ideia de realocar a carteira se baseia na premissa de "retorno a média" em que se acredita que apos uma alta forte da bolsa a tendencia é que ela caia e retorne a média; ou que no caso contrário apos uma queda que ela volte a subir. O problema maior é que os mercados não são tão simples. O movimento das ações na verdade não é tão previsivel, pelo contrário, é altamente imprevisivel. E frequentemente o mercado de ações se move em uma determinada tendencia por um longo período.

Em um bull market prolongado a realocação vai diminuir o retorno da sua carteira e diminuir o risco (volatilidade) ao passo que voce vende as ações e investe em renda fixa, a espera de uma queda, e o mercado continua subindo. E em um bear market prolongado a realocação faz com que voce aumente suas perdas potenciais ao passo que voce compra mais ações que continuam caindo, aumentando o risco da sua carteira. Claro que se voce acertar o timing e apos a realocação o mercado inverter voce provavelmente vai ganhar mais dinheiro se tiver realocado. Se por outro lado o mercado mantiver a tendencia voce vai ganhar menos ou perder mais dependendo da direção do mercado. Se por outro lado voce não realocar em um bull market prolongado voce vai ganhar bem mais dinheiro e em um bear market prolongado não realocar vai limitar as suas perdas.

Um outro problema da realocação é se voce investe em ações individuais em vez de investir no mercado como um todo atraves de um ETF. Se uma ação esta caindo e voce vai realocando e comprando mais daquela ação que está caindo voce pode acabar perdendo muito dinheiro se aquela ação estiver caindo por um bom motivo, como aconteceu com a sadia na crise e voce pode até perder tudo se a empresa falir ou houver alguma fraude grande.

Outro grande problema com a realocação é o aumento nos custos que ela produz. Alem de maiores custos de corretagem voce vai estar frequentemente pagando imposto de renda para o governo e estes custos vão comendo uma boa parte do seu lucro. E quanto mais frequente as realocações forem mais gastos e IR. Geralmente nas simulações que vemos sobre as vantagens da realocação não são computados os gastos com corretagem e o IR.

Assim vemos que a realocação tem vantagens e desvantagens e ela pode algumas vezes aumentar o risco e a volatilidade da carteira além de aumentar os custos.

sábado, 24 de outubro de 2009

Adaptação do Portfolio Permanente ao Brasil

Como vimos o modelo de um portfolio permanente se baseia em manter um portfolio amplamente diversificado em diferentes classes de ativos, que possa ir bem em qualquer cenário macro-econômico, tanto em um cenário de inflação, recessão, depressão ou prosperidade. O portfolio não tenta fazer nenhuma predição sobre o futuro mas apenas manter de uma forma balanceada as 4 classes de ativos.

Relembranado o portfolio permanente seria composto por:

- 25% ações SP500; que iriam bem durante uma fase de prosperidade
- 25% Ouro; que iria bem em um cenário de hiperinflação
- 25% Titulos do governo de longo prazo; renderiam bem em um cenário de depressão
- 25% Fundo Money Market; para épocas de recessão, quando os juros sobem

Fazendo uma adaptação básica para mercado brasileiro teríamos:

- 25% ações: fundo indexado como PIBB11 ou BOVA11
- 25% Ouro
- 25% Titulo prefixados de longo prazo: NTN-F
- 25% Fundo DI ou LFTs

Ao analisarmos o portfolio permanente tupiniquim com ativos que estamos mais acostumados a analisar, vemos que o portfolio permanente é muito concentrado em renda fixa. Uma outra diferença em relação ao mercado americano é que a nossa renda fixa ainda tem uma taxa de juros bem alta em comparação com os mercados globais.

Por outro lado os nossos titulos prefixados de longo prazo não são de tão longo prazo assim; a NTN-F mais longa é a de 2017, com taxa hoje de 13,23% e pagamento de juros semestrais. Na verdade os titulos de mais longo prazo no Brasil são as NTN-Bs, que são titulos mistos, que tem um componente prefixado que atualmente está em torno de 6,6% e um componente pos-fixado que segue o IPCA. E por que é importante no modelo do portfolio permanente que os titulos sejam de longo prazo? Por que em um cenário de depressão o governo baixa rapidamente as taxas de juros e os titulos prefixados se valorizam fortemente, e quanto mais longo o titulo mais ele vai se valorizar. Por exemplo, com a queda nos ultimos meses da taxa selic as NTN-F de 01/01/2017 tiveram uma valorização do seu valor de face de 41,64% nos ultimos 12 meses. Já as NTN-Bs, mesmo tendo uma taxa de juros pre-fixada bem menor em relação as NTN-Fs, tiveram uma valorização bem proxima de 38,72%, devido a serem titulos de mais longo prazo; e isto em um período em que o IPCA ficou muito baixo. Ou seja esta valorização toda veio do componente pre-fixado. Então no Brasil temos uma opção de ter um titulo como a NTN-B que tem um comportamento muito interessante, de se comportar bem em um cenário de queda forte dos juros, como o ocorre em uma depressão e de se comportar bem em um cenário inflacionário. Então poderíamos ao inves de usar apenas as NTN-Fs utilizar no seu lugar as NTN-Bs ou fazer um mix:

Então o portfolio ficaria assim:

- 25% Ações (PIBB11 ou BOVA11);
- 25% Ouro
- 25% Titulos de longo prazo: 12,5% NTN-F e 12,5% NTN-B
- 25% Fundo DI ou LFT

Acrescentamos as NTN-Bs por que elas tem um componente pre-fixado de longuissimo prazo que se valoriza muito em um cenário de queda forte dos juros, mas ela tambem tem um componente pos-fixado indexado ao IPCA que nos dá uma proteção contra inflação. Então talvez não precisemos manter 25% do portfolio no ouro (que é o melhor ativo para um cenário de hiperinflação), já que teremos NTN-Bs.

Como comentamos anteriormente a pricipal deficiencia do portfolio permanente ao meu ver é não alocar uma parte do portfolio para o investimento em imóveis, que é uma das mais importantes classes de ativos para a geração e manutenção da riqueza no longo-prazo. Então acho válido acrescentar o investimento em imoveis no portfolio, que poderia ser feito através de fundos imbiliários e diminuiríamos um pouco a alocação excessiva em renda fixa do portfolio permanente. Na realidade os FII vão ter um comportamento semelhante a NTN-B alem de captarem os ganhos provenientes do mercado imobiliário e terem um hedge natural contra a inflação. Devido a isto provavelmente os FII vão render bem em um cenário de queda ou manutenção das taxas de juros e vão ter um rendimento razoável em um cenário inflacionário. E não vão render bem em um cenário de recessão com aumento das taxas de juros.

Então uma possibilidade para o portfolio permanente acrescentando os FII e diminuindo a alocação em renda fixa, associando as NTN-Bs e diminuindo o ouro; mantendo ainda um percentual razoável em renda fixa, seria:

- 25% Ações (PIBB11 ou BOVA11): para epocas de prosperidade e queda na taxa de juros, com certa proteção contra inflação
- 15% Ouro: para periodos de hiperinflação
- 10% NTN-F: para peridos de depressão com queda da taxa de juros
- 10% NTN-B: para periodos de queda da taxa de juros e para periodos de inflação
- 25% DI ou LFT: para periodos de aumento da taxa de juros
- 15% FII: para periodos de prosperdidade ou queda nas taxas de juros e com certa proteção contra inflação

Outra possibilidade mais equilibrada e com um peso menor na renda fixa e um peso maior nos imoveis e nas ações seria:

- 30% Ações (PIBB11 ou BOVA11)
- 30% Renda Fixa: 10% DI ou LFT; 10% NTN-F; 10% NTN-B
- 15% Ouro
- 25% FII

As possibilidades são muitas mas a ideia principal é manter um portfolio o mais equilibrado possivel para que ele vá bem independentemente do cenário economico. Além de tudo a alocação precisa atender e estar em harmnonia com os objetivos individuais de cada um.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Portfolio Permanente - Retornos Historicos















Retornos historicos do Portfolio permanente conforme site do Harry Browne

1970 4,10%
1971 13,40%
1972 18,70%
1973 10,60%
1974 12,30%
1975 3,70%
1976 10,10%
1977 5,20%
1978 15%
1979 36,70%
1980 22,10%
1981 -6,20%
1982 23,30%
1983 4,30%
1984 1,10%
1985 20,10%
1986 21,70%
1987 5,30%
1988 3,60%
1989 14,80%
1990 -0,70%
1991 11,50%
1992 4%
1993 12,60%
1994 -2,40%
1995 16,60%
1996 5,20%
1997 6,70%
1998 7,40%
1999 4,70%
2000 2,70%
2001 -1%
2002 7,20%
2003 11,80%

Média: 9,59%
Desvio Padrão: 8,8%

É interessante que estes retornos não deixam nada a desejar quando confrontados com uma alocação agressiva de 100% em ações (SP500). Infelizmente no site só há dados até 2003. O Sr. Harry Browne faleceu em 2006.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Portfolio Permanente

A idéia de um portfolio permanente foi criada por Harry Browne e Terry Coxon; e a sua estratégia de alocação se baseia na análise dos ciclos econômicos. Os ciclos econômicos poderiam ser divididos em 4 categorias:

1. Prosperidade
2. Inflação
3. Deflação
4. Recessão

Durante qualquer momento a economia estará em algum destas fases ou na transição de uma fase para outra. A estratégia não tenta predizer quando estaremos em algumas destas fases, nem tenta adivinhar por quanto tempo estas fases durarão. Ao invés disto, o portfolio mantem para cada fase do ciclo econômico uma determinada classe de ativos que sabidamente responda bem a este ciclo econômico, independente de quando ele ocorra ou por quanto tempo dure.

Então para cada fase do ciclo econômico foi escolhida uma determinada classe de ativos. Este portfolio foi desenhado para o mercado americano e os ativos são consequentemente do mercado americano; posteriormente, após entender bem o modelo, vamos tentar fazer uma adaptação para o mercado brasileiro.

1. Prosperidade: Durante fases de prosperidade da economia os fundos indexados de ações capturam o retorno total dos mercados
2. Inflação: Durante um período inflacionário, o ouro prove uma forte proteção contra a desvalorização progressiva da moeda.
3. Deflação: Durante deflação, títulos prefixados de longo prazo sobem rapidamente de valor; além de também performarem bem durante fases de prosperidade
4. Recessão: Durante uma recessão nenhum ativo vai bem; então o Harry Browne escolheu como o melhor ativo nesta fase sendo Dinheiro, em um fundo de renda fixa de curto prazo ou poupança.

Assim o portfolio permanente no mercado americano ficaria assim:

- 25% Ações (Fundo indexado ao SP500)
- 25% Títulos prefixados de longo prazo (US Treasury 30 year bonds)
- 25% Ouro
- 25% Dinheiro (Treasury Money Market fund)

Estas classes de ativos estariam sempre no portfolio, de maneira balanceada, independente do que estivesse ocorrendo na economia. Esta estratégia é planejada para prover um crescimento do seu dinheiro de forma estável e segura, independente do que possa ocorrer no mercado, sem tentar predizer o futuro, pois o mesmo é imprevisível.

A principal deficiência do portfolio permanente, ao meu ver, é que ele não inclue o investimento em imóveis. Harry Browne acreditava que o investimento em imóveis tinha pouca liquidez, necessitava de grandes quantias e tinha um comportamento muito imprevisível. Contudo atualmente temos instrumentos como os fundos imobiliários que permitem que ao investidor ter acesso ao mercado imobiliário, com muito maior liquidez e podendo investir valores bem menores, além de poder diversificar facilmente entre vários imóveis. Então grande parte dos “problemas” relacionados a investir em imóveis estariam contemplados.

No próximo post vamos tentar adaptar o portfolio permanente ao mercado brasileiro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As 16 Regras de Ouro da Segurança Financeira

Harry Browne (www.harrybrowne.org), consultor financeiro já falecido, em seu Best Seller "Fail-Safe Investing", advoga o que ele chama de "As 16 regras de ouro da segurança financeira":

1°) Sua Carreira é a fonte de sua riqueza
2°) Não presuma que voce pode repor sua riqueza
Assim trate seu dinheiro como se nunca mais pudesse ganha-lo novamente
3°) Reconheça a diferença entre investir e especular
Quando voce investe, voce aceita os retornos que o mercado está pagando aos investidores em geral; quando voce especula voce tenta se sair melhor que os demais investidores, o que implica na crença que voce é mais esperto que a maioria dos outros investidores. Não há nada de errado em especular, contanto que seja com dinheiro que voce possa perder.
4°) Ninguem pode predizer o futuro
5°) Ninguem pode realizar market timing de maneira consistente e lucrativa
Ninguem pode garantir que voce vai estar sempre no lugar certo na hora certa
6°) Nenhum trading system vai funcionar tão bem no futuro como funcionou no passado
7°) Não use alavancagem
Quando alguem quebra, quase sempre é por que usou alavancagem (dinheiro emprestado de outros)
8°) Não deixe que ninguem tome decisões por voce
9°) Nunca invista em nada que voce não entenda
10°) Não dependa somente de um investimento, uma instituição ou de um pessoa para a sua segurança
11°) Crie um porfolio a prova de falhas para proteção
Para o dinheiro que é precioso para voce e que voce não pode perder, crie um portfolio simples, balanceado e diversificado, o que o Harry Browne chama de Portfolio Permanente. Este portfolio deve assegurar que sua riqueza sobreviva a qualquer evento futuro.
12°) Especule somente com dinheiro que voce pode perder
Se voce quer tentar bater o mercado, crie um segundo portfolio, separado, com o qual voce possa especular, mas tenha certeza que este portfolio contenha apenas dinheiro que voce possa perder; Harry Browne hama este portfolio de portfolio variável, pois pode ser investido em qualquer coisa.
13°) Mantenha alguns investimentos fora do pais que voce vive
14°) Tenha cuidado com qualquer esquema feito para evitar pagar impostos
15°) Reserve dinheiro em um orçamento para diversão pessoal
16°) Quando estiver na dúvida, é sempre melhor errar para o lado da segurança

As 16 regras de ouro da segurança financeira são as mesmas regras consagradas que usamos na vida e que aprendemos na infancia da nossa mãe: Reconheça que voce vive em um mundo incerto; tenha cuidado, seja precavido e não confie em estranhos. Se voce seguir estas regras pode ter certeza que suas finanças agradeceram.

No proximo post vamos falar então sobre o Portfolio permanente de Harry Browne, desenhado para sobreviver a qualquer evento economico futuro.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Estrategias na bolsa

É triste ver o conteudo muito baixo no geral dos sites que tratam sobre investimentos e bolsa de valores no Brasil, com algumas poucas exceções. Quem quer ler algo melhor precisa procurar em sites americanos. A grande maioria dos sites trata o assunto de investimentos como algo puramente especulativo. Só se ve artigos sobre analise tecnica, que é algo que comprovadamente não funciona.

Acredito que existem 4 estrategias muito boas e que tem um fundamento teorico sólido, com ampla comprovação:

- Investir no indice
- Montar uma carteira diversificada de ações baseado em value investing
- Montar uma carteira diversificada focada em dividendos
- Montar uma carteira diversificada focada em small caps
- Ou fazer um mix destas estrategias

Uma idéia interessante é ter um carteira principal baseada no indice, utilizando algum ETF e reservar uma pequena parte da carteira, talvez uns 20%, para ações individuais.

A grande vantagem de investir no indice é a simplicidade, a ampla diversificação, o baixo custo e o baixo turnover; voce pode manter a mesma carteira basicamente a vida toda; não necessita de muita monitoração; e tem um retorno muito bom, que muitas vezes bate as outras estrategias. O custo x beneficio é imbativel. Atualmente é isto que tenho feito.

Uma carteira de dividendos tambem é uma excelente alternativa, com menor volatilidade e retornos mais previsiveis, porem no Brasil muito concentrada no setor eletrico e por isto mesmo um pouco mais arriscada; e com provável retorno menor que o indice. Uma carteira focada em empresas de valor e em small caps podem ter um retorno excepcional, bem maior que o indice, mas com risco bem maior que investir no indice, e sem garantias que voce va se sair melhor. Voce pode se sair melhor ou pior. Só temos que lembrar que a maioria dos gestores profissionais não conseguem bater o indice. Apenas uma minoria é que consegue. E isto se dedicando 100% à bolsa, de maneira profissional e com ajuda de varios analistas e de todas as ferramentas que um grande fundo possui. Mas é possivel. Principalmente no curto prazo. No LP é muito dificil ganhar do indice, mas não impossivel. Mas é tão pouco comum que quem ganha vira lenda. É um Warren Buffet, um Peter Linch da vida. Ou seja se você for um gênio dos investimentos existe uma chance pequena de que você possa vencer o indice, mas não conte muito com isto. Provavelmente no longo prazo vai perder feio, principalmente depois de descontar os custos e impostos.

Para que deseja investir em ações individuais sugiro que invista em no minimo 20 ativos diferentes de diversos setores, usando analise fundamentalista; somente em ações ON, e de preferencia do Novo mercado. Procure selecionar as empresas lideres do seu setor e que tenham uma vantagem competitiva grande sobre os rivais. Menos que 20 ativos é um risco muito alto.

PS.: A melhor dica que posso dar para alguem que quer aprender sobre investimentos: Estude ingles

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fundos Imobiliarios

Acredito que todo investidor deveria investir uma parcela de seu capital em imoveis. É uma classe de ativos que não da pra ignorar. Primeiro por que é um ativo real, que tem um valor intrinseco e que tem uma proteção natural contra a inflação. É tanto que em ingles é conhecido como real state. Segundo por que no longo prazo tendem a ter uma valorização acima dos ativos de renda fixa e com volatilidade baixa. Segurança e rentabilidade, com proteção contra inflação. Um imovel tanto pode gerar ganhos atraves da valorização do imovel quanto pode gerar renda, geralmente atraves de alugueis.

Para o pequeno investidor a melhor forma atualmente de se investir no mercado imobiliario é atraves dos Fundos de Investimento Imobiliario (FII), que são fundos que aplicam em imoveis, geralmente grandes imoveis comercias em grandes centros urbanos, e que distribuem mensalmente os rendimentos dos alugueis para os cotistas; eles são negociados na bolsa de valores de maneira semelhante a uma ação, e podem ser comprados atraves do home-broker. Geralmente a liquidez é bem pequena, pois a maioria dos investidores em FII não tem interesse em vender as cotas, mas apenas receber os rendimentos mensais, que caem diretamente na conta da corretora e são isentos de Imposto de renda (se o investidor tiver menos de 10% das cotas de um FII). A grande vantagem dos FII sobre o investimento direto em imoveis é o baixo custo de negociação, o menor valor inicial de investimento, a maior liquidez, e a facilidade de manter uma boa diversificação, além da isenção do IR sobre os rendimentos dos alugueis.

Ao analisar um FII é interessante ler os relatorios disponiveis no site da bovespa; analisar qual o tipo de imovel, sua localização, qual a fonte dos rendimentos do fundo, regularidade dos rendimentos, e qual o rendimento atual em relação ao valor da cota. Geralmente um FII tende a se comportar como um titulo pre-fixado, só que com pagamentos mensais. Eles tendem a se valorizar com a queda na taxa selic e desvalorizar com o aumento da selic, além dos fatores especificos de cada fundo. Este ano com a queda da selic houve uma grande valorização dos FII.

Há um site muito bom sobre o assunto: http://www.fundoimobiliario.com.br/

Tambem há uma excelente materia sobre fundos imobiliarios e uma análise sobre o fundo Europar (EURO11) no blog do Henrique Carvalho: http://hcinvestimentos.wordpress.com/

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Semi-aposentadoria

Dando sequencia a nossa série sobre a aposentadoria,existe uma alternativa interessante a idéia clássica de se matar de trabalhar durante anos e anos, muitas vezes em um trabalho pouco satisfatório, a fim de juntar muita grana para se aposentar em um futuro distante, talvez em 10, 20 ou mais anos. A alternativa é a semi-aposentadoria.


Semi-aposentadoria seria um caminho intermediário entre uma vida totalmente dedicada ao trabalho e a aposentadoria em que você não trabalha mais. Na semi-aposentadoria você trabalha apenas o necessário para pagar suas necessidades. A idéia é poder dedicar mais tempo aos seus sonhos, hobbies, a sua família e amigos, viajar, ou seja aproveitar desde hoje muitas das coisas que são comumente associadas com a aposentadoria. Alguns semi-aposentados podem trabalhar meio-período; outros trabalham apenas alguns dias na semana. Geralmente são profissionais liberais que podem definir seu próprio horário ou pessoas que tem um pequeno negócio próprio; ou funcionários que trabalham em empregos de meio-período ou com vendas. Muitas vezes eles optam por uma vida mais frugal, de simplicidade voluntária, o que permite que possam viver com um salario menor e possam assim ter bastante tempo livre.


A grande vantagem da semi-aposentadoria é que você não vai precisar de alguns milhões, já que você vai continuar trabalhando para cobrir suas despesas, só que menos tempo. E consequentemente voce pode iniciar sua semi-aposentadoria muito mais cedo, talvez até hoje mesmo. Ou seja, enquanto na idéia clássica da aposentadoria voce precisar juntar muito dinheiro para no futuro poder para totalmente de trabalhar, na semi-aposentadoria os seus investimentos teriam apenas um papel de lhe dar um backup, uma segurança para as eventuais urgências da vida e para que em um futuro bem distante, quando voce realmente não puder trabalhar mais, já provavelmente com mais de 70 anos, voce ter realmente uma aposentadoria. Mas neste caso, como voce vai ter muitos anos pela frente, e vai usurfruir desta aposentadoria por muito menos tempo, então voce precisará de muito menos dinheiro.


Vamos dar um exemplo: para que uma pessoa possa se aposentar com um salário de R$ 5.000 teria de ter hoje aproximadamente R$1.200.000, considerando que conseguisse um rendimento real (acima da inflação) de 5% ao ano. Se considerarmos um rendimento real de 4% anual o valor sobe para 1.500.000. Partindo de um investimento inicial de R$ 120.000 e com aplicações de 2000 por mês, e conseguindo um rendimento de 0,6% a.m real, esta pessoa conseguiria chegar ao valor de 1.200.000 em aproximadamente 17 anos; e a partir dai ela viveria do rendimento deste dinheiro. Mas se esta pessoa optar pelo caminho da semi-aposentadoria provavelmente poderia começar agora. Ela trabalharia menos e viveria as custas do seu trabalho (considerando que ganha 5000 e investe 2000, poderia viver do mesmo jeito ganhando apenas 3000). E ela teria aproximadamente 40 meses de despesas em investimentos (120.000), o que é um excelente colchão de segurança para o futuro, que poderiam ser aplicados 50% em renda fixa e 50% na bolsa. Como ela não vai precisar usar este dinheiro em 17 anos, ele vai ficar rendendo por muitos e muitos anos até que a pessoa não possa trabalhar mais.


É claro que nem todas as pessoas tem a possibilidade de conseguir trabalhar menos horas ou não conseguiria se sustentar em um emprego de meio-período, mas é uma alternativa a se pensar que é muito mais fácil de aplicar do que a idéia da aposentadoria precoce e exige "apenas" que alguem consiga viver em um orçamento reduzido.

E há sempre a possibilidade de voltar a trabalhar em tempo integral se necessário. E voce o que acha da idéia de semi-aposentadoria?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que aprendi com a crise

Estamos fazendo um ano do inicio da crise economica mundial. Eis alguns dos pontos que aprendi com a crise:

1) Que quem manda é a macroeconomia; ou seja a estrategia top-down é superior a estrategia bottom-up; quando a economia esta bem, tudo sobe, mesmo empresas que não tem bons fundamentus e em uma crise importante tudo cai, mesmo as melhores empresas.

2) Que Buy and Hold não significa apenas comprar Petro e Vale e esquecer; ou seja não é comprar ações que são consideradas "boas" a qualquer preço; mas principalmente comprar ações quando estiverem bem mais baratas do que o seu "valor intrinseco"; e aqui a enfase é bem mais baratas, a chamada margem de segurança.

3) Que as suas previsões devem ser conservadoras em relação a taxas de crescimento.

4) Que a grande maioria dos analistas e economistas não sabem de nada

5) Que vc tem de saber analisar a hora de vender as suas ações. Em maio/2008 apos o investment grade as ações estavam muito caras e uma analise fundamentalista séria recomendaria vender, pois os multiplos de várias empresas estavam muito esticados. Lembro que em uma certa epoca o buffet vendeu todas as suas ações pois considerou que tudo estava muito caro. Pena que agora ele não teve o mesmo insight.

6) Que em momento de panico como o que aconteceu em outubro/2008 eventualmente é melhor vender suas ações e recomprar lá embaixo. Quem comprou ano passado e simplesmente segurou perdeu muita grana. Não se trata de analise tecnica ou trade; é analise macroeconomica

7) Que voce deve diversificar os seus investimentos em varias classes de ativos; ações, cambio, renda fixa e imoveis.

E voce, o que aprendeu com a crise??

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Repensando o trabalho e a aposentadoria

No livro Você milionário o autor, Michael Le Boeuf (que é um defensor da indexação) conta uma pequena história de origem anonima que ele recebeu por email, que vou aqui repetir (como é uma mensagem anonima que já rodou a internet acho que não há nenhum problema de copyright):

" Um empresário americano estava no cais de uma pequena vila mexicana quando um barco com um pescador atracou. Dentro do barco havia vários grandes atuns. O empresário elogiou a qualidade dos peixes e perguntou quanto tempo ele levou para pesca-los. O mexicano respondeu:
- Só um pouquinho
- Por que não ficou mais tempo no mar e pegou mais peixes?
- Eu pesquei o suficiente para atender as necessidades de minha familia
- Mas o que faz durante o resto do dia??
- Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com meus filhos, faço a sesta com minha mulher, passeio pela vila a noite, onde bebo vinho e toco violão com os amigos. Tenho uma vida cheia e agitada, Senhor.
- Tenho MBA e posso ajuda-lo. Voce deveria passar mais tempo pescando e com os lucros comprar um barco maior; e com os rendimentos deste poderia comprar vários outros barcos; por fim teria uma frota de barcos de pesca. Em vez de vender seu pescado ao atravessador poderia vende-lo diretamente ao processador ate ter sua propria fabrica de enlatados. Poderia controlar a produção, processamento e distribuição. Teria que deixar esta pequena vila e se mudar para a cidade do Mexico e depois para Nova York, onde administraria sua empresa em expansão.
- Mas senhor, quanto tempo isto tudo levaria?
- provavelmente entre quinze e vinte anos.
- Mas e depois Senhor?
- Esta é a melhor parte. Quando fosse o momento certo voce anunciaria uma IPO e venderia ações da empresa ao público e ficaria riquissimo. Ganharia milhões!!
- Milhões Senhor? E depois?
- Depois voce poderia se aposentar, mudar-se para uma pequena vila de pescadores, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com seus filhos, faria a sesta com a esposa, passearia pela vila a noite, onde beberia vinho e tocaria violão com os amigos."

Precisamos pensar bem sobre aonde queremos chegar, quais nossos objetivos, quais sacrificios valem a pena e quais não e quais são os valores realmente importantes para nós.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Invista em ativos reais

Durante a maior parte da historia o homem tem usado commodities metálicas, como o ouro, prata e cobre como moedas. Quando as sociedades introduziram o papel moeda ele era representativo de um metal e poderia ser trocado por uma quantidade predeterminada de metal e os governos ou bancos eram obrigados a manter esta quantidade de metal em reservas, o que era denominado lastro. Atualmente vivemos em um mundo de fiat money, em que o papel moeda não tem lastro e o seu valor é declarado pelo governo para efeitos legais, e é baseado apenas na confiança no governo, por que o governo aceita este papel como pagamento de impostos e débitos.

Como o papel moeda não tem lastro real em algum metal os governos podem criar mais e mais dinheiro a partir do nada, simplesmente apertando um botão, gerando um aumento progressivo da base monetaria, que se for maior que o aumento dos bens gerados pela sociedade leva a inflação. A inflação então é na verdade gerada pelos governos ao expandirem a base monetária, pois ao passo que aumenta a oferta de um determinado produto, no caso o papel moeda, diminue o seu valor. Então na verdade não são os preços das mercadorias que aumentam devido a inflação, mas é o papel moeda que perde o seu valor. Então a inflaçao na verdade atua como um imposto oculto, confiscando o valor do dinheiro que as pessoas tem, beneficiando aquele que tem uma divida e punindo aqueles que guardam dinheiro. Então a tendencia de longo prazo de todo papel moeda é a perda progressiva de valor devido a inflação.

A melhor forma de evitar este confisco de riqueza pelos governos e evitar os riscos da inflação é investir em ativos reais, como commodities, incluindo metais como ouro e prata, jóias, terras, imoveis e obras de arte. Ações tambem são ativos reais tendo em vista que são participações no capital de uma empresa, e historicamente elas tem valorizado acima da inflação. Atualmente estamos vivendo um período deflacionário, devido a contração importante do credito, então é importante tambem manter investimentos em ativos liquidos, como os instrumentos de renda fixa, e tambem manter uma reserva para emergências, como já comentamos anteriormente, mas recomendamos de uma forma geral que a maior parte dos seus investimentos esteja investido em ativos reais.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Serious Money

Pesquisando pela internet achei uma pequena preciosidade - um livro muito interessante que está disponivel online, completo e de graça - Serious Money, Straight talk about investing for retirement, de Richard A. Ferri.

Richard Ferri é um consagrado autor de vários livros sobre finanças, como: All About Asset Allocation; All about index funds e Protecting your wealth in good times and bad. Ele é adepto da estrategia de indexação, asset allocation e buy and hold e no livro faz uma excelente exposição sobre as bases teoricas e os estudos academicos que dão suporte a esta consagrada estrategia de investimento.

Acho que vale a pena tomar tempo para ler este livro. Ainda estou no meio do livro, mas assim que terminar poderei fazer uma avaliação mais completa.

Aqui vai o link:
www.portfoliosolutions.com/research-books-6.html

sábado, 22 de agosto de 2009

Reflexões sobre aposentadoria precoce

Muito se fala em sites e blogs de finanças sobre aposentadoria financeira; de trabalhar bastante, investir, juntar uma grande soma de dinheiro e a partir dai parar de trabalhar e viver do rendimento das aplicações e aproveitar a vida. Não tenho nada contra tal conceito, muito pelo contrário; mas o fato é que precisamos analisar melhor o que está envolvido nesta idéia.

O primeiro ponto é que todos nós precisamos nos empenhar em alguma tarefa ou causa para a nossa realização pessoal. Muito do que nos define está relacionado as atividades que fazemos. É muito comum, por exemplo, pessoas entrarem em depressão após a aposentadoria, pelo fato da perda do referencial do trabalho e os amigos do trabalho. Então certamente a idéia antiga de aposentadoria como ociosidade tem um certo sentido quando alguem se aposenta já bem na velhice e não tem muito tempo de vida pela frente; mas soa estranho para alguem que tem uma aposentadoria precoce, ainda jovem e bem de saúde. Então o mais natural para a grande maioria que se aposenta precocemente, ou deveria dizer a pequena minoria privilegiada, é decidir se dedicar a antigos sonhos, como se dedicar a musica, as artes, cozinhar, montar um negocio que sempre quis ou se empenhar em alguma causa humanitaria. Então na verdade não se trata realmente de uma aposentadoria, mas uma mudança de rumo na vida. O grande ponto é que muitas pessoas passam uma grande parte da vida em uma atividade que não gostam para apenas um dia, em um futuro distante, na aposentadoria, se dedicarem aos seus sonhos e fazerem algo que gostam. A grande questão então é: por que então não se dedicar desde hoje aos seus sonhos e fazer o que gosta desde hoje?? Por que deixar apenas para um futuro distante?? Precisamos aproveitar e viver a vida agora, realizando nossos sonhos e não adiando nossa felicidade.


Quando alguem ama o seu trabalho dificilmente pensa em se aposentar ou parar de trabalhar muito cedo. Veja por exemplo o caso do multibilionario Warren Buffet. Ele tem dezenas de bilhões de dolares, mas mesmo aos 76 anos ele continua a trabalhar na sua empresa. Muitos se perguntam por que ele não se aposenta e passa a curtir a vida com seus bilhões?? Basicamente por que ele gosta do seu trabalho. É claro que ele tambem aproveita a vida, mas ele concilia estas atividades com seu trabalho. E existem vários outros exemplos similares.


Então o objetivo maior das finanças pessoais não deveria ser buscar uma aposentadoria precoce a qualquer custo, ou as custas de trabalhar em algo que não gostamos ou fazer grandes sacrificios pessoais, não se divertir, não ter tempo para a familia e para outras atividades, como fazer exercicios e cuidar da saúde, mas deveria ser nos ajudar a realizar nossos sonhos, e a viver uma vida significativa, a poder ter mais tempo com a familia e ter tempo para se divertir.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tendencias macroeconomicas

O cenário econômico ainda continua muito indefinido, ao passo que a midia tenta vender a idéia que a recessão já terminou. No longo prazo as coisas ainda estão muito feias, principalmente se analisarmos que os problemas reais que originaram esta crise não foram solucionados, apenas foi empurrado para frente, com injeções gigantescas de liquidez pelos banco centrais. Quais os principais fatores de risco atuais e as possiveis tendencias macro?

1. O mercado de trabalho americano continua muito ruim, com o desemprego crescente, atualmente em 9,4% oficialmente, mas os numeros podem ser bem piores
2. Piora do mercado imobiliario americano, afetando agora o mercado de imoveis comercias; isto pode levar a novas perdas bancarios em hipotecas e derivativos
3. Desvalorização progressiva do Dollar - isto vai prejudicar principalmente as companhias brasileiras exportadoras, que tem receitas em dollar
4. Aumento das falencias bancarias nos EUA, até agora 77, só em 2009
5. O FDIC, orgão americano que fornece garantias para os depositos nos bancos já dá sinais de esgotamento das reservas, apos esta ultima rodada de falencias bancarias. O que acontece se o FDIC falir?
Veja materia da bloomberg http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=aqxHLAHU_m2k

Parece que o cenário deflacionario continua ganhando do cenario inflacionário, pelo menos por enquanto. E a regra geral em uma recessão/depressão é que Cash is king; então é importante manter um parte dos investimentos em reservas de liquidez, para o caso de novas rodadas de desvalorização dos ativos, em que podem aparecer muitas pechinchas. Eventualmente em uma rodada de liquidação de ativos poderemos ver novamente a apreciação temporaria do dollar.

Parece que a bovespa da sinais de esgotamento da tendencia de alta. Vamos acompanhando para ver como as coisas vão se desenrolar.

sábado, 15 de agosto de 2009

Montando uma estratégia Sólida

Neste post vamos fazer uma breve revisão de vários dos conceitos que foram abordados anteriormente, e alguns conceitos novos, com o objetivo de montar uma estratégia sólida de investimentos visando o longo prazo. Com longo prazo aqui me refiro a períodos de pelo menos 10 anos. Como já comentamos o horizonte de investimentos de longo prazo basicamente é o restante da vida da pessoa. Assim se voce tem 30 anos, o seu horizonte de investimentos de longo prazo será algo proximo de 60 anos.

Bases de uma estrategia sólida de investimentos:

- Análise Macroeconômica
- Definir a sua tolerancia ao risco
- Ter um reserva de emergencia em renda fixa que corresponda a no minimo 6 meses de suas despesas mensais, a fim de que uma emergência ou a perda do emprego não o force a vender ações com prejuizo.
- Montar um portfolio de investimentos diversificado em várias classes de ativos: Renda Fixa, Ações, imoveis e câmbio
- Investir em ações apenas a parte dos seus investimentos que tem horizonte de tempo maior que 5-8 anos (duração da maioria dos bear markets, dados do mercado americano)
- Diversificação ampla nas ações - como vimos uma das formas é usar os ETFs (PIBB11 ou BOVA11)
- Reinvestimento dos dividendos e de todos os rendimentos
- Procurar fazer investimentos regularmente, se possivel todos os meses, a fim de fazer um preço médio
- Realocação dos ativos
- Analise de indicadores fundamentalistas das ações, a fim de ter uma ideia aproximada do preço que estamos pagando, se estamos comprando ações baratas ou caras. Lembrar que o retorno do investimento em ações está diretamente ligada ao preço pelo qual pagamos. Assim o ideal é investir mais em ações quando o mercado está barato e menos se o mercado estiver caro.
- Minimizar custos

Existem algumas outras estratégias que podemos usar para melhorar o retorno no longo prazo, como o aluguel de ações, além do uso de derivativos. Contudo os derivativos podem aumentar muito o risco do portfolio e trazer grandes prejuizos e só devem ser usados por investidores com maior experiencia e maior tolerancia ao risco. A grande maioria não precisa fazer uso de derivativos.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Teoria dos Mercados Eficientes: Introdução

Como vimos previamente o mercado de ações em períodos de curto prazo é imprevisivel; e isto se deve ao fato de que o que realmente dirige o mercado de ações não são os graficos, nem são os dados fundamentalistas passados, mas são as noticias futuras, incluindo os dados macro-econômicos, as decisões sobre politica de juros e cambio e os relatorios trimestrais das empresas, onde podemos ver se a empresa teve lucro ou prejuizo, entre outras coisas. Como estes eventos futuros são imprevisiveis por definição, o mercado se move de maneira imprevisivel. Os agentes financeiros fazem constantemente previsões sobre estes indicadores macro-economicos futuros e sobre o provavel resultado financeiros das empresas; e de acordo com esta previsão calculam um possivel "preço justo" para uma ação, na maioria das vezes se baseando nos dados fundamentalistas passados. Mas o ponto principal que precisamos ter sempre em mente é que estas previsões podem estar certas ou erradas; podem se concretizar ou não; e apos a divulgação do resultado oficial o mercado corrige para cima ou para baixo de acordo com a diferença entre o que era a previsão de consenso e a realidade. Se os dados vierem melhores do que o previsto a ação sobe; se vierem pior do que o previsto a ação cai. Assim várias vezes acontece de mesmo apos uma ação divulgar um resultado excelente a ação cai, pois o mercado já havia precificado um crescimento maior. Quanto mais rápido estas novas informações são incorporadas ao preço das ações mais dizemos que o mercado é eficiente. Um mercado eficiente é aquele em que a informações relevantes são incorporadas de maneira rápida ao preço dos ativos financeiros.

Segundo Damodaran um mercado eficiente é aquele em que o preço de mercado é uma estimativa não tendenciosa do valor real do investimento. Isto não significa que os preços de mercado necessariamente representem o valor justo da ação a cada momento. Sempre vai haver ações subavaliadas e sobreavaliadas. Segundo Fama, a competição entre muitos participantes inteligentes leva a uma situação em que os preços reais dos ativos já refletem os efeitos das informações, tanto as passadas como as que o mercado espera que ocorra no futuro. Ou seja, em um mercado eficiente o preço de um ativo será uma boa estimativa do seu valor intrinseco, BASEADO NAS INFORMAÇÔES ATUAIS.

Segundo Silva a base teorica para um mercado eficiente reside em 3 argumentos:
1) Que todos ou a grande maioria dos investidores são racionais
2) Que no caso de investidores não racionais as suas negociações aleatorias muitas vezes se anulam umas as outras
3) Que no caso de investidores não racionais os investidores racionais arbitrariam (obtendo assim lucro) e eliminariam o efeito dos investidores não-racionais.

A partir destas informações podemos ver que o debate sobre se o mercado é eficiente ou não não se aplica. A questão correta é qual o grau de eficiencia do mercado. Diferentes mercados tem graus de eficiencia diferentes e diferentes ativos tem graus de eficiencia diferentes. O mercado americano é mais eficiente que o Brasileiro. Na Bovespa, as blue chips, que são acompanhadas por dezenas de analistas são muito bem precificadas e podemos dizer que existe uma maior eficiencia do que no caso de small caps que são pouco acompanhadas pelos analistas das corretoras.No passado os mercados eram bem menos eficientes devido a dificuldade de obtenção das informações. Com o advento da internet e a ampla divulgação dos dados economicos e relatorios das empresas o mercado vem ficando mais eficiente.

sábado, 8 de agosto de 2009

Novo Bull Market ???

A bovespa vem tendo uma serie de valorizações, já acumulando mais de 50% no ano, embalado por noticias menos ruins do que o esperado, incorporando um cenário de recuperação em V da economia mundial e tambem devido a percepção de que o Brasil estaria bem posicionado nesta crise devido ao sistema bancario não estar envolvido com os derivativos "tóxicos" e ter um mercado interno robusto; já há até analistas prevendo o inicio de um novo bull market. Mas não podemos ser tão precipitados pois, ao analisarmos melhor poderemos ver que os problemas essenciais que levaram a esta crise economica não foram resolvidos. E como sabemos o Brasil não é um "ilha" e depende muito das exportações; e quem manda na Bovespa é o capital estrangeiro.

Analisando por alto o mercado americano, o desemprego está em niveis recordes, as receitas do governo com arrecadação de impostos estão muito baixas, com alguns estados como a California praticamente falidos e o deficit nas contas é crescente; as familias estão com niveis altos de endividamento e com a ameaça de desemprego a grande maioria está tentando poupar e pagar as contas em vez de se endividar ainda mais, levando a uma queda no consumo, que é responsável por 70% do PIB americano. O governo americano precisa levantar muito dinheiro emprestado nos mercados internacionais, com as vendas de Treasuries para financiar seu deficit e os programas de Bailouts. E estes fatores não devem melhorar tão cedo, levando-nos a concluir que uma recuperação em V da economia americana é um cenário muito improvável. O cenário mais provável e que a economia americana levara anos para se recuperar, ao que parece em um cenario muito proximo ao Japão e sua "década perdida". Será que veremos o SP500 daqui há 10 anos ainda nos niveis atuais ??

A grande injeção de liquidez feita pelos bancos centrais mundiais levou a diminuição do risco de quebra do sistema, mas fica a questão se este excesso de liquidez pode levar a um aumento importante da inflação. Isto só o tempo dirá. Mas quais são os objetivos dos governantes mundiais com isto tudo?

- Eles tem o interesse de reinflar as bolsas mundiais, pois com a valorização das bolsas as empresas podem fazer IPOs e financiar seus debitos sem precisar de ajuda dos governos na forma de bailouts;
- Reinflar os mercados imobiliarios, pois com a valorização do mercado imobiliario muitos derivativos como as mortgage backed securities vão se valorizar e melhorar os balanços do s bancos;
- Desvalorização das moedas, principalmente o Dollar, para diminuir a carga de debito do governo americano e melhorar a balança comercial.

Mas em algum momento no futuro os deficits gigantescos dos EUA vão ter que ser realmente tratados, ou o sistema voltara a entrar em colapso. O que pode acontecer no futuro? Em algum momento os investidores podem exigir uma melhor remuneração para financiar o Tio Sam, levando a um aumento nas taxas de juros americanas; uma inflação crescente pode tambem exigir um aumento nas taxas de juros americanas; com consequentes impacto negativos na bolsa e no mercado imobiliario; ou os governos podem se ver forçados a desvalorizar ainda mais a moeda. Assim ao que parece os governos só estão adiando os problemas para o futuro, podendo resultar em uma crise ainda maior. De qualquer modo os prognosticos de longo prazo não são nada bons e eu não apostaria em um novo bull market.

Então o que fazer? Isto só reforça o que temos comentado nos posts anteriores. Devemos focar os nossos investimentos em uma adequada gestão de risco, usando os vários instrumentos disponiveis, como a alocação em diversas classes de ativos, diversificação, ter uma reserva de emergencia e estar preparado para quaisquer direções que a economia possa tomar. A analise fundamentalista mostra que existe pouco espaço para mais valorizações da Bovespa, mas como o mercado é imprevisivel devemos sempre manter uma parte do nosso capital investido na bolsa, mas tendo bem em mente os riscos.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Diversificação na bolsa atraves de ETFs

ETF significa Exchange Traded Fund e basicamente é um fundo de investimento em ações que é negociado na bolsa de valores da mesma forma que uma ação; e que geralmente seguem um indice do mercado de ação, sendo compostos pelas mesmas ações do indice, nas mesmas proporções, sendo conhecidos devido a isso como fundos indexados. A gestão é passiva e basicamente visa replicar a performance do indice. Os ETFs são muito populares no exterior. E tem diversas vantagens para o investidor:

- Ampla Diversificação: investindo em um ETF o investidor está investindo nas dezenas de empresas que compoe um indice e diminui ao máximo os riscos especificos de estar investido em determinada empresa
- Baixo Custo de administração: os custos são bem inferiores aos fundos de ações convencionais.
- Retornos menos voláteis do que ações individuais, em média
- Vantagens tributárias iguais as das ações: isenção do IR em vendas abaixo de R$ 20.000 por mês
- Transparencia: Voce sabe exatamente em quais ações e em que proporção o fundo está investido
- Assim como as ações as cotas dos ETFs podem ser alugadas
- Facilidade em implementar uma estrategia de alocação de ativos

No Brasil temos como exemplos o PIBB11 que segue o IBRX-50 e os novos ETFs da Ishares, BOVA11, que segue o IBOVESPA, MILA11 que segue o indice de MidLarge caps e o SMALL11 que segue o indice de Small-caps.

Atraves de investimentos em ETFs um investidor pode facilmente ter o mesmo retorno do mercado de ações como um todo, sem qualquer dificuldade, com custos minimos e com perca minima de tempo. Na verdade o investimento ativo atraves da seleção de ações (stock picking) e market timing só se justifica se um investidor conseguir de maneira consistente, no longo prazo, retornos superiores a uma estrategia de buy and hold do indice, e que cubra todos os custos, impostos e gasto de tempo extras. E vários estudos já demonstraram que são poucos os gestores profissionais, que se dedicam exclusivamente a bolsa que conseguem esta performance superior no longo prazo. Por exemplo, se voce não ganhou mais do que 45% na bolsa durante este ano até agora, voce estaria melhor se tivesse investido em um fundo que seguisse o Ibovespa.

sábado, 25 de julho de 2009

Montando uma reserva de emergência

É importante para todos os investidores ter uma reserva de emergência fora da bolsa, na renda-fixa, contra os imprevistos da vida. Como a volatilidade do mercado de ações é muito alta, se você precisar do dinheiro em uma situação de urgência, como um problema de saúde, desemprego, acidente, etc; você não vai precisar resgatar o dinheiro da bolsa, eventualmente tendo que realizar prejuizos.

Esta reserva de emergência deve estar alocada em ativos liquidos, com disponibilidade imediata, como poupança, um fundo DI ou CDB-DI. Outros instrumentos de renda fixa como Títulos do Tesouro direto e debentures são menos liquidos e talvez não se prestem para fins de reserva de emergência isoladamente, mas podem ser utilizados em conjunto com instrumentos mais liquidos, por exemplo deixando uma reserva prontamente disponivel na poupança ou DI e o restante no Tesouro Direto ou debentures. O melhor investimento vai depender das caracteristicas de cada investidor.

Quanto deixar na reserva de emergência? O minimo seria o equivalente a seis meses de contas pagas. Assim se voce perder o emprego terá tempo de conseguir outra colocação sem precisar resgatar o dinheiro da bolsa. Quanto maior a reserva de emergência, mais segurança para o investidor de longo prazo. Poderíamos classificar a reserva de emergência em niveis:

- Nível 0 : Sem dividas
- Nível 1 : O equivalente a seis meses de contas pagas; este seria o minimo que qualquer investidor deveria ter.
- Nível 2 : O equivalente a 12 meses de contas pagas
- Nível 3 : O equivalente a 24 meses de contas pagas
- Nível 4 : O equivalente a 5-8 anos de contas pagas

Por que diversos níveis de segurança? Isto vai depender das caracteristicas individuais de cada investidor. Um jovem, solteiro, sem filhos e que tenha uma boa estabilidade no emprego, como um funcionario público pode muito bem ficar no nivel 1 de segurança e ter apenas 6 meses na Renda fixa e manter o restante em ativos de risco, se os seus objetivos forem de longo prazo, de acordo com a alocação de ativos que ele escolheu. Já se alguem é casado, tem filhos, é arrimo de familia, não tem tanta estabilidade no emprego, necessita de um maior nível de segurança, como o nivel 2 ou 3. Se alguem já é aposentado deve manter o nivel 4 de segurança e ter em renda fixa de 5-8 anos de suas despesas mensais. Isto tambem depende da tolerancia ao risco de cada um.

Se voce tem uma reserva de emergência na renda fixa adequada para sua situação de vida pode durmir tranquilo, sabendo que as flutuações de curto prazo da bolsa não vão afetar a sua qualidade de vida.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Duração do Bear Market

No ultimo post sugerimos que investimentos de curto prazo não deveriam ser investidos em ações; basicamente devido a alta volatilidade do mercado de ações e o risco de perda no curto prazo. Mas quanto é o curto prazo no mercado de ações?? Para cada investidor haverá uma resposta diferente, baseado na sua idade e seu horizonte de tempo. Um ponto que precisamos ter em mente é que o nosso horizonte de investimento é o resto de nossas vidas, pois vamos estar investindo até o fim de nossas vidas, então para um investidor de 30 anos de idade, o seu horizonte de investimento de longo prazo seria algo proximo de 30-60 anos, que seria a sua expectativa de vida; médio prazo seria qualquer meta a partir de 10 anos; e curto prazo qualquer investimento menor que 10 anos. E por que não recomendamos investir em ações para horizontes de tempo menor que 5 anos? Por que no curto prazo tudo pode acontecer. Vamos analisar os dados de duração de Bear Markets.

Nos EUA tivemos nos ultimos 50 anos pelo menos uns 9 bear markets, além do atual:



Recovery From a Bear Market

Mos. from Gain/loss
peak to 5 years
Peak Decline Recovery peak from peak

8/2/56 -21.47% 9/24/58 26 34.85%
12/12/61 -27.97% 8/3/63 21 14.26%
2/9/66 -22.18% 5/4/67 15 3.67%
11/29/68 -35.91% 3/6/72 39 -10.00%
1/11/73 -48.20% 7/17/80 90 -25.37%
9/21/76 -19.41% 8/15/79 35 8.73%
1/6/81 -25.85% 10/20/82 22 52.51%
8/25/87 -33.51% 7/26/89 23 22.22%
7/16/90 -19.92% 2/13/91 7 51.75%
Averages: -28.27% 31 16.96%
Source: Yahoo.com Finance Historical Quotes


O mais longo bear market demorou 90 meses (7 anos e meio), de 1973 até 1980, até que o mercado recuperasse todas as perdas. A perda média foi de 28,27% e a duração média foi de 31 meses (2 anos e 7 meses) . Agora, apos 5 anos do inicio de um bear market em média houve um ganho de quase 17%, embora nos 2 bear markets mais longos ainda havia perda mesmo apos 5 anos. Assim, de acordo com estas estatisticas, nenhum dinheiro que precise ser usado num período de 5 a 7 anos deveria ser investido no mercado de ações devido ao risco de perda.

Infelizmente os dados no Brasil são mais dificeis de se conseguir devido a grande flutuação cambial e grande numero de mudanças de moeda pelo que o Brasil passou, até o plano real.

Este texto foi extraido em parte de vários textos publicados no site Motley Fool, www.fool.com; um excelente site em ingles sobre investimentos em ações, que recomendo a todos lerem.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Manejo do Risco: Asset Allocation

Qual investimento vai render mais: a renda fixa, os imoveis ou a bolsa? Infelizmente não sabemos o futuro, do contrário, bastaria investir no que for mais rentável. Por exemplo no ano de 2008 o investimento mais rentável foi o dólar; enquanto que as ações cairam 41,22%. Agora quem no inicio de 2008 esperava que a bolsa caisse tanto e que o dolar fosse subir tanto? O mercado de ações tem sido o investimento mais rentável no longo prazo. Porém no curto prazo os retornos são altamente voláteis e imprevisiveis, e dependem de inumeros fatores fora do nosso controle, como o ciclo econômico, taxa de juros, inflação, crescimento da economia e situação politica mundial, além de movimentos especulativos. Isto se traduz por uma grande flutuação dos rendimentos no curto prazo da bolsa. E mesmo em períodos mais longos a bolsa pode trazer um rendimento negativo. Veja por exemplo o caso do Japão, que está em um bear market desde 1990; e os Estados Unidos caminham na mesma direção, seguindo quase os mesmos passos do Japão. Em um determinado ano ou periodo de tempo a bolsa supera a renda fixa; em outros periodos a renda fixa supera a bolsa. A fim de diminuir a volatilidade da carteira, além de investir em um portfolio de ações diversificado, a ferramenta mais importante para o investidor é o asset allocation, ou alocação de ativos, a divisão dos investimentos em varias classes de ativos além das ações, que tenham pouca correlação uns com os outros.

No estudo "Determinantes da performance do Porfolio II: Update" Gary P. Brinson avaliou o impacto de uma asset allocation passiva(investir no indice), ativa e do stock picking (seleção de ações) em 82 grandes planos de pensão no período de 1977-87, nos estados Unidos; e encontrou que em média a asset allocation explicava 91,5% da variabilidade dos retornos de um mesmo fundo durante o tempo. Em outras palavras a percentagem de seus investimentos que está investida em ações (alocação passiva) foi muito mais importante do que a seleção individual de ações e do que o market timing. Roger Ibbotson e Paul Kaplan em 2000 publicaram o estudo: "A Asset Allocation explica 40, 90 ou 100% da performance?" e demonstraram que a asset allocation é responsável por 90% da variação dos retornos de um fundo durante um certo tempo, por praticamente 100% do retorno de um fundo e por 40% da diferença de retornos entre vários fundos. Assim a asset allocation é o principal fator controlável que o investidor pode usar para diminuir o risco e aumentar o retorno.

O ideal é alocarmos uma parte de nossos investimentos em cada um das principais classes de ativos: ações, renda fixa, cambio e imoveis. Cada uma destas classes de ativos tem um objetivo especifico dentro do portfolio. A Renda fixa prove estabilidade do portfolio e crescimento discreto por meio dos juros; a bolsa prove acompanhamento do crescimento da economia e dos ganhos de produtividade e de inovação, sendo o grande responsável pelo crescimento do porfolio; o cambio prove estabilidade frente a possibilidade de desvalorização da moeda; e os imoveis proveem seguimento dos ganhos do mercado imobiliario, hedge contra a inflação e crescimento discreto atraves dos alugueis.

Qual a melhor alocação? Isto depende de inumeros fatores: a idade, objetivos de curto e de longo prazo, tolerancio ao risco, entre outros. No geral, baseando-se nos retornos historicos superiores do mercado acionário no longo prazo e na volatilidade histórica, qualquer investimento cujo objetivo seja de curto prazo, menor ou igual a 5 anos, não deveria ser investido no mercado de ações, devido ao risco de perda. E todo o investimento de longo prazo, com prazo maior que 5 anos, deveria ser investido nas ações. Em futuros posts vamos detalhar melhor algumas estratégias de alocação.

sábado, 11 de julho de 2009

Manejo do Risco: Diversificação

Em todo investimento é importante analisar 2 componentes: O risco e o retorno. Investidores racionais são avessos ao risco e exigem um maior retorno para incorrer em um maior risco. O risco está ligado a incerteza dos resultados e a possibilidade de perda financeira e é medido pela variabilidade dos retornos de um ativo e pode ser mensurado atraves de medidas estatisticas como variância e desvio padrão

No mercado de ações, existem basicamente dois tipos de riscos: o risco de mercado (ou risco sistêmico), que afeta a economia global e não depende da escolha de um papel ou de outro; e o risco do papel, associado especialmente ao ativo em questão, ou ao setor, conhecido como risco diversificável ou específico . Este tipo de risco está associado a fatos como alterações ou problemas ao nível da gestão da empresa, greves ou modificações nos padrões de consumo relativos aos produtos da empresa, perda de clientes, processos.

Alguns exemplos recentes: o efeito de derivativos cambiais em empresas como Sadia e Aracruz; a crise aérea que afetou a Gol e Tam; problemas de governança corporativa que afetaram a Cosan; fraudes na Agrenco, etc.

Uma forma de minimizar o efeito do risco do papel é diversificar a carteira de ações montada entre varios papeis e varios setores. Quem opta por um número pequeno de papéis está aumentando o seu potencial de risco diversificável, ou seja, o risco específico de cada um daqueles papéis. O risco diversificável não interessa para o investidor, pois é passivel de eliminação. Um mercado de capitais eficiente não deve compensar os investidores por assumirem riscos que possam ser eliminados sem custo.




quinta-feira, 9 de julho de 2009

Análise Tecnica: Sorte ou realidade?

Como já imaginava o meu post "A ilusão do grafista" causou uma certa polêmica. Em um dos comentários foi citado que estudos comprovam que o uso de médias móveis de 200 dias trariam um retorno superior. Mas será que isto foi uma coincidência ou realmente as médias móveis trazem um retorno superior e todos devemos adota-las?

Esta questão foi analisada em um estudo chamado "Análise Tecnica: Sorte ou realidade?" de Pedro A. C. Saffi e que foi publicado na revista brasileira de Economia. Abaixo irei fazer um breve resumo da metodologia usada e dos resultados, extraido do artigo original:

Segundo o autor, os estudos que tentam comprovar a superioridade da análise técnica estão sujeitos ao fenômenos de data-snooping (um bias estatistico gerado pelo mau uso de tecnicas de extração de dados),
já que é muito provável que, dentre milhares de estratégias diferentes, alguma (ou algumas) apresente performance superior (em termos de excesso de retorno). Isto poderia ter ocorrido simplesmente ao acaso e não devido à uma capacidade preditiva superior da estratégia.

Tentanto minimizar este problema, trabalhos posteriores (Brock et alii, 1992) utilizaram a técnica de bootstrap para simular realizações alternativas da série dos preços. A técnica bootstrap consiste na reamostragem dos dados para estimação da distribuição de um estimador ou estatística de teste. Esta técnica permite, sob algumas condições, construir a distribuição empírica da performance de uma estratégia de análise técnica particular e assim, verificar se uma performance estatisticamente significativa é realmente devido à uma capacidade preditiva superior, ou um mero produto do acaso.

A dificuldade em encontrar analiticamente a distribuição dos retornos (ou o índice de Sharpe) das estratégias de investimento, torna necessário o uso de técnicas de reamostragem para estimá-la. O procedimento consiste em extrair aleatoriamente diversas amostras dos retornos, calculando em cada extraçã a estatística de teste desejada. Usamos estas estatísticas para encontrar a probabilidade empírica do evento desejado, possibilitando a realização dos testes de hipótese.A existência de dependência nos dados faz com que esta reamostragem precise ser feita de forma a capturar adequadamente esta característica do processo gerador dos dados (PGD).

São utilizados testes de habilidade preditiva (White, 2000, Hansen, 2001) para verificar a hipótese de superioridade destas regras de decisão como forma de investimento. Os resultados indicam que nenhuma das 14.630 estratégias de análise técnica é capaz de gerar retornos estatisticamente significativos quando os efeitos de data-snooping são levados em conta.

Veja a conclusão do autor:

Após a realização dos testes, concluimos que as estratégias de análise técnica não devem ser utilizadas para auxiliar as decisões de investimento. Não somos capazes então de rejeitar a hipótese de eficiência de mercado, já que as estratégias não remuneram adequadamente o investidor. Como mostram os resultados acima, a performance destas estratégias é fruto do acaso e seu uso leva o investidor médio a fracassar na tentativa de obter ganhos em relação aos da estrategia ''comprar-e-esperar''. O uso conjunto das informações do espaço de estratégias,nos mostra na verdade, que elas não são capazes de gerar retornos significativos.

Os resultados são similares aos encontrados nos mercados internacionais, contribuindo para o conjunto de evidências que mostram aos investidores que as estratégias de análise técnica (pelo menos nas formas simples como as utilizadas neste artigo) não são úteis como investimento.

Quem tiver interesse em ler o artigo original aqui vai um link:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402003000400013



A dificil arte da Análise Fundamentalista

Uma outra escola de investimentos é a da análise fundamentalista. Dentro da análise fundamentalista existem 2 estratégias. A primeira estratégia parte da analise dos multiplos fundamentalistas (P/L, P/VPA, PSR, EV/EBTIDA, ROIC, Dividend Yield, Divida Bruta / PL e margens), tanto isoladamente e tambem em comparação com os valores historicos destes indicadores da empresa, e em relação aos indicadores das demais empresas do setor. E a partir dai se faz uma analise se esta empresa está barata ou cara em relação aos seus valores historicos ou aos valores do setor. Falaremos mais sobre estes indicadores posteriormente.

A segunda estratégia tenta estabelecer um preço justo para esta ação; existem várias maneiras de calcular o preço justo de uma ação. Um dos métodos mais usados é o de fluxo de dividendos descontados; ela parte do presuposto que o valor de uma ação é o resultado de todos os dividendos futuros que esta ação proporcionara. O investidor analisa o crescimento dos lucros por ação e dos dividendos e faz uma estimativa dos dividendos futuros e aplica uma taxa de desconto para trazer ao valor presente. Existem tambem vários outros modelos de precificação.

E por que ao analisar os preços justos de um mesmo ativo encontramos tanta diferença entre vários analistas?? Como vimos num post anterior o futuro é incerto. E estas equações para determinar o preço justo usam várias estimativas sobre o crescimento da empresa, valores futuros de lucro por ação e de dividendo e taxa de desconto (relacionada com a taxa selic do período, que é considerado o ativo de menor risco). Então este preço justo na verdade se baseia em uma manutenção da taxa de crescimento dos lucros e dividendos e da manutenção da taxa selic em valores atuais ou menores. Se houver uma queda dos lucros, ou da taxa de crescimento da empresa ou um aumento da taxa selic, que vai levar a aumento da taxa de desconto então automaticamente o preço justo de uma ação vai cair. E isto vai depender das condições macroeconômicas e das decisões da direção da empresa. Então existem diversos fatores futuros que podem alterar drasticamente o valor justo de uma empresa. É por este motivo que após encontrar o preço justo o investidor deve ainda determinar uma margem de segurança para a aplicação. E é por este motivo que a análise fundamentalista também não é infalivel, pois mudando-se as condições econômicas todos estas variáveis podem mudar.

Precisamos então estar atentos ao analisar o preço justo de alguns ações que tiveram altas taxas de crescimento nos ultimos anos como a Vale e a Gerdau. Ao usarmos as taxas de crescimento dos ultimos anos chegaremos a um valor justo da empresa bem alto. Mas é óbvio que taxas de crescimento muito altas não são sustentáveis no longo prazo. Então devemos esperar crescimentos bem menores no futuro. E isto sem falar dos impactos da crise econômica.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A ilusão do grafista

Hoje em dia a análise Técnica é muito popular entre muitos investidores. Existem vários livros, cursos, sites e blogs sobre análise gráfica. Ela é muito usada entre os traders, que usam os padrões de preços, linhas de tendencia, suportes, resistências, canais, volume e vários indicadores computadorizados para tentar prever a direção futura de uma ação ou do mercado como um todo. Alguns usam teorias exóticas como a teoria de Dow, ondas de Elliot e Fibonacci.

O fato é que a análise tecnica pode nos dar uma boa idéia do que aconteceu no passado, mas não tem nenhum poder de prever o comportamento futuro de uma ação. O problema é o lado direito do gráfico (o que ainda vai acontecer) que é imprevisivel. O movimento de preços de uma ação é o resultado da ação de milhares de players, analisando dezenas de variáveis e na verdade não obedece a nenhum padrão. Se vc encontra um determinado padrão gráfico isto não quer dizer nada sobre o futuro. Você pode acertar, assim como errar. As chances são de aproximadamente 50%-50%. Até analistas tecnicos famosos como Joe Ross admitem que os analistas tecnicos erram em 75% das vezes e só conseguem sobreviver no mercado se tiverem um bom gerenciamento de risco e position sizing.

Se a análise técnica funcionasse os analistas tecnicos viveriam de seus trades, e não teriam interesse nenhum em ensinar a alguem suas tecnicas. Mas o que acontece realmente é que eles não vivem da bolsa; vivem de dar palestras, aulas, vender livros e cursos.

O que as pessoas esquecem é que o grafico segue o comportamento da ação e não o contrário.

domingo, 5 de julho de 2009

A incerteza do futuro

Um dos livros mais famosos entre investidores, principalmente os iniciantes é o Axiomas de Zurique, de Max Gunther; que trata basicamente de estratégias para especular na bolsa, algo muito em moda hoje em dia. Apesar de não recomendar suas estratégias acho que vale a pena uma lida, pois como tudo na vida existe muita coisa boa a se aproveitar no livro. Um dos melhores capítulos é o que trata do 4º Grande Axioma - Das Previsões. Acredito que todo investidor deveria ler e aprender as verdades expressas neste capítulo. Transcrevo abaixo algumas das melhores partes:

* O comportamento do ser humano é imprevisível
* A Verdade é que ninguem tem a mais remota idéia do que vai acontecer ano que vem, semana que vem, nem sequer amanhã. É da maior importância jamais levara sério economistas, especialistas em mercado, nem quaisquer outros oráculos financeiros.
* Os que fazem previsões financeiras exibem as vezes meia duzia de palpites que deram certo, mas nunca divulgam a lista de todas as coisas que errou.
* "É fácil ser profeta" disse o economista Dr. Theodore Levitt na Business week. "Você faz 25 previsões e depois só comenta as que deram certo".
* Todo profeta as vezes acerta e as vezes erra - erram mais do que acertam, mas quem é que vai advinhar?
* O mundo do dinheiro é um mundo de eventos humanos; e não há método, nem existe ninguem capaz de prever eventos humanos.
* O fato, simplesmente, é que são demais as variáveis envolvidas, para que se possa obter uma previsão confiável de algo como a taxa de inflação. Esta taxa resulta de milhões de pessoas tomando bilhões de decisões: operários decidindo quanto querem ganhar, patrões decidindo quanto querem pagar, consumidores estabelecendo os preços que estão a fim de engolir.
* Assim, não monte suas estratégias de investimentobaseado em previsões, por que pode não dar certo. No mundo do dinheiro, ninguem tem a mais remota idéia do que irá acontecer no futuro. Preste bem atenção: ninguem.

E todos nós podemos ver a verdade desde axioma em vários exemplos no ano passado. É só avaliar as previsões do inicio de 2008 do Ibovespa de todas as corretoras. Nenhuma delas previu a grande crise e a queda que iria ocorrer no mercado de ações. Nenhuma. Nenhum economista ou analista financeiro famoso sequer imaginava o tamanho da crise que se avizinhava, além de uns poucos. Então tome muito cuidado com as previsões dos analistas financeiros sobre o PIB, taxa de juros, cambio, desemprego, inflação, o Ibovespa e valores justos para ações, que sempre mudam e sofrem revisões. Analise-os pelo que realmente são - incertos, faliveis; e não baseie suas decisões e seu futuro exclusivamente nelas.

Ninguem presta atenção aquelas letrinhas que dizem "retornos passados não são garantias de retornos futuros". Todos acham que só porque um fundo de ações ou um fundo multimercado alanvancado rendeu muito nos ultimos anos ele vai continuar rendendo assim. Exemplos não faltam, incluindo um fundo de ações muito famoso por seus retornos acima da média e que na crise do ano passado faliu. E tambem a maioria esquece que retornos acima da média na maioria das vezes são conseguidos com posições muito arriscadas em mercados futuros, alavancadas, em que se o mercado for contra a aposta do gestor o fundo pode perder mais do que o patrimonio e voce pode ficar com saldo negativo, devendo no fundo.

Então precisamos estar preparados para um futuro imprevisivel. Nossos investimentos devem ter uma base sólida e não se basear apenas em previsões faliveis. Precisamos ter uma estratégia definida e focar bem no gerenciamento dos riscos que corremos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um Lanchinho Gratis

Um dos ditados mais famosos no mercado financeiro é "There's no free lunch", que em uma tradução livre para o português seria o nosso "Não tem boquinha, não." Este ditado refere-se ao fato de que quanto maior o retorno de um investimento, maior o seu risco; ou seja, não existe um meio de ganhar dinheiro fácil, sem riscos. Assim um dos principais fatores que um investidor deve ter em mente é o gerenciamento de riscos. Uma das pricipais maneiras de gerenciar e diminuir os riscos é através da estratégia de alocação de ativos, o famoso "Não colocar todos os ovos na mesma cesta". Sobre este tema vale a pena estudar um pouco o trabalho de Harry Markowitz sobre a Teoria Moderna do Portfolio.

Markowitz define risco como o desvio padrão dos retornos esperados de um investimento. E além do risco e retorno de um investimento ele avalia a correlação entre várias classes de investimento (ou co-variancia). Se 2 investimentos se movem juntos na mesma direção eles tem uma correlação positiva (por exemplo o preço do barril do petróleo e a cotação da ação da petrobrás) e se eles se movem em direções opostas eles tem uma correlação negativa (por exemplo o Dolar e Ibovespa). E dois investimentos podem tambem não ter nenhuma correlação.

Mas qual a importância disto? É que quando montamos um portfolio de investimentos com várias classes de ativos que tenham pouca correlação uns com os outros podemos diminuir o risco a nivel de portfolio. Menos risco sem uma diminuição do retorno. Isto é o mais próximo que podemos ter de um lanchinho grátis.

O maior problema da teoria do Markowitz é que ele usa retornos historicos de um ativo para determinar o risco e retorno futuro. E como sabemos, mas muitos esquecem, nem sempre o futuro repete o passado.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cenário Macroeconômico

Existem 2 estratégias de análise de investimento; a estratégia Bottom-Up e a estratégia Top-Down. Na estratégia Bottom-Up, preferida por vários investidores fundamentalistas, procura-se analisar qual é a melhor empresa para se investir baseado nos dados de balanços e análise de multiplos fundamentalistas, e comparando-se com os seus concorrentes; além da análise qualitativa de aspectos como gestão e "marca". Após escolher as melhores empresas, espera-se que elas se deem bem em diversos tipos de cenários econômicos. Já na estratégia Top-Down, o analista começa pela análise macro-econômica, analisando a economia, Pib, taxa de juros, câmbio, inflação, e comercio internacional e após a análise do cenário mais provável ele seleciona que setores dentro da economia devem performar melhor; e após isto, dentro destes setores, qual a empresa deverá se sair melhor.

Apesar de cada uma das estratégias ter suas vantagens e desvantagens acredito que a melhor seja a estratégia Top-Down. Isto porque os modelos de precificação do valor futuro das ações dependem de vários fatores macro-econômicos como a taxa de juros, câmbio (para exportadores) e os preços das matérias-primas e produtos. Vimos um importante exemplo no ano passado quando a crise econômica mundial deflagrou uma grande liquidação de ativos na bolsa, e sendo as mais afetadas as blue chips Petrobras, Vale e Siderurgicas, devido a queda no preço do Petroleo, minério de Ferro e commodities.

E qual o cenário Macro-Econômico atual? Não é dos melhores. Estamos no meio de uma grande recessão mundial em todas as principais economias mundiais, Estados Unidos, Europa e Japão; em resultado da grande diminuição do crédito mundial. Estes países enfrentam grandes deficits publicos, aumento do desemprego, aumento das falencias, diminuição da atividade econômica e das exportações / importações; deflação de preços das matérias primas e do mercado imobiliário. Em resposta a crise vemos os governos injetarem grandes quantidades de dinheiro no sistema para tentar conter a deflação e reinflar a bolha em que estavamos antes; com aumento dos riscos de inflação no futuro. Neste cenário desafiador os riscos são grandes, assim como as oportunidades. E um dos principais fatores a ditar o sucesso de um investimento será a gestão de risco.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Receita básica

Os pontos básicos para o sucesso financeiro não são nenhum segredo; pelo contrário, se encaixam mais naqueles assuntos que todo mundo sabe, mas que a maioria acaba não pondo em prática. De uma maneira bem simplista seriam:

1. Invista na sua formação profissional
2. Procure trabalhar em algo que voce goste e lhe de prazer
3. Gaste menos do que voce recebe
4. Poupe a diferença
5. Pague suas dividas e mantenha-se sem dividas
6. Invista as suas economias de maneira inteligente
7. Amplie sua educação financeira
9. Cuide da sua saúde; alimente-se bem e faça exercicios regularmente
10. Procure aproveitar a vida e ser feliz

domingo, 21 de junho de 2009

Fatores que definem a rentabilidade de um investimento

Existem basicamente 3 fatores que estão diretamente ligados a rentabilidade de um investimento:

1. Capital: quanto dinheiro você possui
2. Taxa de juros: quanto o seu dinheiro rende
3. Tempo: quanto tempo o seu dinheiro vai render

Cada um destes fatores tem uma relação direta com o rendimento final, ou seja quanto maior, melhor. Quanto mais capital você tiver, melhor. Quanto maior a taxa de juros que o seu dinheiro rende, melhor. E quanto maior o tempo, maior será o rendimento.

Além disto, quanto maior for um destes fatores, menores podem ser os outros. Ou seja, se você tem muito capital, poderá mesmo com uma taxa de juros menor ter um bom rendimento. E se você tem um longo período de tempo de investimento pode ter um excelente resultado mesmo se tiver pouco capital. E se conseguir uma grande taxa de juros poderá ganhar muito dinheiro mesmo com pouco capital.

Tendo isto em mente, é fácil entender que o melhor investimento para uma determinada pessoa depende do seu objetivo, de quanto capital tem disponivel e de quanto tempo tem para alcançar este objetivo. Alem disto, outro fator importante é qual o nivel de risco que esta pessoa está disposta a aceitar para alcançar este objetivo.

Objetivos

Olá a todos. Este blog tem por objetivo discutir vários tópicos ligados a macro e microeconomia, finanças pessoais, investimentos, bolsa de valores, ações, opções, futuros, câmbio, commodities, e investimentos imobiliários. Tambem trarei sugestões de sites e livros interessantes ligados ao assunto.

Infelizmente existe um grande nivel de ignorância e de desinformação neste assunto e espero que este blog possa ajudar a lançar um pouco de luz neste assunto tão importante para todos.