sexta-feira, 31 de julho de 2009

Diversificação na bolsa atraves de ETFs

ETF significa Exchange Traded Fund e basicamente é um fundo de investimento em ações que é negociado na bolsa de valores da mesma forma que uma ação; e que geralmente seguem um indice do mercado de ação, sendo compostos pelas mesmas ações do indice, nas mesmas proporções, sendo conhecidos devido a isso como fundos indexados. A gestão é passiva e basicamente visa replicar a performance do indice. Os ETFs são muito populares no exterior. E tem diversas vantagens para o investidor:

- Ampla Diversificação: investindo em um ETF o investidor está investindo nas dezenas de empresas que compoe um indice e diminui ao máximo os riscos especificos de estar investido em determinada empresa
- Baixo Custo de administração: os custos são bem inferiores aos fundos de ações convencionais.
- Retornos menos voláteis do que ações individuais, em média
- Vantagens tributárias iguais as das ações: isenção do IR em vendas abaixo de R$ 20.000 por mês
- Transparencia: Voce sabe exatamente em quais ações e em que proporção o fundo está investido
- Assim como as ações as cotas dos ETFs podem ser alugadas
- Facilidade em implementar uma estrategia de alocação de ativos

No Brasil temos como exemplos o PIBB11 que segue o IBRX-50 e os novos ETFs da Ishares, BOVA11, que segue o IBOVESPA, MILA11 que segue o indice de MidLarge caps e o SMALL11 que segue o indice de Small-caps.

Atraves de investimentos em ETFs um investidor pode facilmente ter o mesmo retorno do mercado de ações como um todo, sem qualquer dificuldade, com custos minimos e com perca minima de tempo. Na verdade o investimento ativo atraves da seleção de ações (stock picking) e market timing só se justifica se um investidor conseguir de maneira consistente, no longo prazo, retornos superiores a uma estrategia de buy and hold do indice, e que cubra todos os custos, impostos e gasto de tempo extras. E vários estudos já demonstraram que são poucos os gestores profissionais, que se dedicam exclusivamente a bolsa que conseguem esta performance superior no longo prazo. Por exemplo, se voce não ganhou mais do que 45% na bolsa durante este ano até agora, voce estaria melhor se tivesse investido em um fundo que seguisse o Ibovespa.

sábado, 25 de julho de 2009

Montando uma reserva de emergência

É importante para todos os investidores ter uma reserva de emergência fora da bolsa, na renda-fixa, contra os imprevistos da vida. Como a volatilidade do mercado de ações é muito alta, se você precisar do dinheiro em uma situação de urgência, como um problema de saúde, desemprego, acidente, etc; você não vai precisar resgatar o dinheiro da bolsa, eventualmente tendo que realizar prejuizos.

Esta reserva de emergência deve estar alocada em ativos liquidos, com disponibilidade imediata, como poupança, um fundo DI ou CDB-DI. Outros instrumentos de renda fixa como Títulos do Tesouro direto e debentures são menos liquidos e talvez não se prestem para fins de reserva de emergência isoladamente, mas podem ser utilizados em conjunto com instrumentos mais liquidos, por exemplo deixando uma reserva prontamente disponivel na poupança ou DI e o restante no Tesouro Direto ou debentures. O melhor investimento vai depender das caracteristicas de cada investidor.

Quanto deixar na reserva de emergência? O minimo seria o equivalente a seis meses de contas pagas. Assim se voce perder o emprego terá tempo de conseguir outra colocação sem precisar resgatar o dinheiro da bolsa. Quanto maior a reserva de emergência, mais segurança para o investidor de longo prazo. Poderíamos classificar a reserva de emergência em niveis:

- Nível 0 : Sem dividas
- Nível 1 : O equivalente a seis meses de contas pagas; este seria o minimo que qualquer investidor deveria ter.
- Nível 2 : O equivalente a 12 meses de contas pagas
- Nível 3 : O equivalente a 24 meses de contas pagas
- Nível 4 : O equivalente a 5-8 anos de contas pagas

Por que diversos níveis de segurança? Isto vai depender das caracteristicas individuais de cada investidor. Um jovem, solteiro, sem filhos e que tenha uma boa estabilidade no emprego, como um funcionario público pode muito bem ficar no nivel 1 de segurança e ter apenas 6 meses na Renda fixa e manter o restante em ativos de risco, se os seus objetivos forem de longo prazo, de acordo com a alocação de ativos que ele escolheu. Já se alguem é casado, tem filhos, é arrimo de familia, não tem tanta estabilidade no emprego, necessita de um maior nível de segurança, como o nivel 2 ou 3. Se alguem já é aposentado deve manter o nivel 4 de segurança e ter em renda fixa de 5-8 anos de suas despesas mensais. Isto tambem depende da tolerancia ao risco de cada um.

Se voce tem uma reserva de emergência na renda fixa adequada para sua situação de vida pode durmir tranquilo, sabendo que as flutuações de curto prazo da bolsa não vão afetar a sua qualidade de vida.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Duração do Bear Market

No ultimo post sugerimos que investimentos de curto prazo não deveriam ser investidos em ações; basicamente devido a alta volatilidade do mercado de ações e o risco de perda no curto prazo. Mas quanto é o curto prazo no mercado de ações?? Para cada investidor haverá uma resposta diferente, baseado na sua idade e seu horizonte de tempo. Um ponto que precisamos ter em mente é que o nosso horizonte de investimento é o resto de nossas vidas, pois vamos estar investindo até o fim de nossas vidas, então para um investidor de 30 anos de idade, o seu horizonte de investimento de longo prazo seria algo proximo de 30-60 anos, que seria a sua expectativa de vida; médio prazo seria qualquer meta a partir de 10 anos; e curto prazo qualquer investimento menor que 10 anos. E por que não recomendamos investir em ações para horizontes de tempo menor que 5 anos? Por que no curto prazo tudo pode acontecer. Vamos analisar os dados de duração de Bear Markets.

Nos EUA tivemos nos ultimos 50 anos pelo menos uns 9 bear markets, além do atual:



Recovery From a Bear Market

Mos. from Gain/loss
peak to 5 years
Peak Decline Recovery peak from peak

8/2/56 -21.47% 9/24/58 26 34.85%
12/12/61 -27.97% 8/3/63 21 14.26%
2/9/66 -22.18% 5/4/67 15 3.67%
11/29/68 -35.91% 3/6/72 39 -10.00%
1/11/73 -48.20% 7/17/80 90 -25.37%
9/21/76 -19.41% 8/15/79 35 8.73%
1/6/81 -25.85% 10/20/82 22 52.51%
8/25/87 -33.51% 7/26/89 23 22.22%
7/16/90 -19.92% 2/13/91 7 51.75%
Averages: -28.27% 31 16.96%
Source: Yahoo.com Finance Historical Quotes


O mais longo bear market demorou 90 meses (7 anos e meio), de 1973 até 1980, até que o mercado recuperasse todas as perdas. A perda média foi de 28,27% e a duração média foi de 31 meses (2 anos e 7 meses) . Agora, apos 5 anos do inicio de um bear market em média houve um ganho de quase 17%, embora nos 2 bear markets mais longos ainda havia perda mesmo apos 5 anos. Assim, de acordo com estas estatisticas, nenhum dinheiro que precise ser usado num período de 5 a 7 anos deveria ser investido no mercado de ações devido ao risco de perda.

Infelizmente os dados no Brasil são mais dificeis de se conseguir devido a grande flutuação cambial e grande numero de mudanças de moeda pelo que o Brasil passou, até o plano real.

Este texto foi extraido em parte de vários textos publicados no site Motley Fool, www.fool.com; um excelente site em ingles sobre investimentos em ações, que recomendo a todos lerem.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Manejo do Risco: Asset Allocation

Qual investimento vai render mais: a renda fixa, os imoveis ou a bolsa? Infelizmente não sabemos o futuro, do contrário, bastaria investir no que for mais rentável. Por exemplo no ano de 2008 o investimento mais rentável foi o dólar; enquanto que as ações cairam 41,22%. Agora quem no inicio de 2008 esperava que a bolsa caisse tanto e que o dolar fosse subir tanto? O mercado de ações tem sido o investimento mais rentável no longo prazo. Porém no curto prazo os retornos são altamente voláteis e imprevisiveis, e dependem de inumeros fatores fora do nosso controle, como o ciclo econômico, taxa de juros, inflação, crescimento da economia e situação politica mundial, além de movimentos especulativos. Isto se traduz por uma grande flutuação dos rendimentos no curto prazo da bolsa. E mesmo em períodos mais longos a bolsa pode trazer um rendimento negativo. Veja por exemplo o caso do Japão, que está em um bear market desde 1990; e os Estados Unidos caminham na mesma direção, seguindo quase os mesmos passos do Japão. Em um determinado ano ou periodo de tempo a bolsa supera a renda fixa; em outros periodos a renda fixa supera a bolsa. A fim de diminuir a volatilidade da carteira, além de investir em um portfolio de ações diversificado, a ferramenta mais importante para o investidor é o asset allocation, ou alocação de ativos, a divisão dos investimentos em varias classes de ativos além das ações, que tenham pouca correlação uns com os outros.

No estudo "Determinantes da performance do Porfolio II: Update" Gary P. Brinson avaliou o impacto de uma asset allocation passiva(investir no indice), ativa e do stock picking (seleção de ações) em 82 grandes planos de pensão no período de 1977-87, nos estados Unidos; e encontrou que em média a asset allocation explicava 91,5% da variabilidade dos retornos de um mesmo fundo durante o tempo. Em outras palavras a percentagem de seus investimentos que está investida em ações (alocação passiva) foi muito mais importante do que a seleção individual de ações e do que o market timing. Roger Ibbotson e Paul Kaplan em 2000 publicaram o estudo: "A Asset Allocation explica 40, 90 ou 100% da performance?" e demonstraram que a asset allocation é responsável por 90% da variação dos retornos de um fundo durante um certo tempo, por praticamente 100% do retorno de um fundo e por 40% da diferença de retornos entre vários fundos. Assim a asset allocation é o principal fator controlável que o investidor pode usar para diminuir o risco e aumentar o retorno.

O ideal é alocarmos uma parte de nossos investimentos em cada um das principais classes de ativos: ações, renda fixa, cambio e imoveis. Cada uma destas classes de ativos tem um objetivo especifico dentro do portfolio. A Renda fixa prove estabilidade do portfolio e crescimento discreto por meio dos juros; a bolsa prove acompanhamento do crescimento da economia e dos ganhos de produtividade e de inovação, sendo o grande responsável pelo crescimento do porfolio; o cambio prove estabilidade frente a possibilidade de desvalorização da moeda; e os imoveis proveem seguimento dos ganhos do mercado imobiliario, hedge contra a inflação e crescimento discreto atraves dos alugueis.

Qual a melhor alocação? Isto depende de inumeros fatores: a idade, objetivos de curto e de longo prazo, tolerancio ao risco, entre outros. No geral, baseando-se nos retornos historicos superiores do mercado acionário no longo prazo e na volatilidade histórica, qualquer investimento cujo objetivo seja de curto prazo, menor ou igual a 5 anos, não deveria ser investido no mercado de ações, devido ao risco de perda. E todo o investimento de longo prazo, com prazo maior que 5 anos, deveria ser investido nas ações. Em futuros posts vamos detalhar melhor algumas estratégias de alocação.

sábado, 11 de julho de 2009

Manejo do Risco: Diversificação

Em todo investimento é importante analisar 2 componentes: O risco e o retorno. Investidores racionais são avessos ao risco e exigem um maior retorno para incorrer em um maior risco. O risco está ligado a incerteza dos resultados e a possibilidade de perda financeira e é medido pela variabilidade dos retornos de um ativo e pode ser mensurado atraves de medidas estatisticas como variância e desvio padrão

No mercado de ações, existem basicamente dois tipos de riscos: o risco de mercado (ou risco sistêmico), que afeta a economia global e não depende da escolha de um papel ou de outro; e o risco do papel, associado especialmente ao ativo em questão, ou ao setor, conhecido como risco diversificável ou específico . Este tipo de risco está associado a fatos como alterações ou problemas ao nível da gestão da empresa, greves ou modificações nos padrões de consumo relativos aos produtos da empresa, perda de clientes, processos.

Alguns exemplos recentes: o efeito de derivativos cambiais em empresas como Sadia e Aracruz; a crise aérea que afetou a Gol e Tam; problemas de governança corporativa que afetaram a Cosan; fraudes na Agrenco, etc.

Uma forma de minimizar o efeito do risco do papel é diversificar a carteira de ações montada entre varios papeis e varios setores. Quem opta por um número pequeno de papéis está aumentando o seu potencial de risco diversificável, ou seja, o risco específico de cada um daqueles papéis. O risco diversificável não interessa para o investidor, pois é passivel de eliminação. Um mercado de capitais eficiente não deve compensar os investidores por assumirem riscos que possam ser eliminados sem custo.




quinta-feira, 9 de julho de 2009

Análise Tecnica: Sorte ou realidade?

Como já imaginava o meu post "A ilusão do grafista" causou uma certa polêmica. Em um dos comentários foi citado que estudos comprovam que o uso de médias móveis de 200 dias trariam um retorno superior. Mas será que isto foi uma coincidência ou realmente as médias móveis trazem um retorno superior e todos devemos adota-las?

Esta questão foi analisada em um estudo chamado "Análise Tecnica: Sorte ou realidade?" de Pedro A. C. Saffi e que foi publicado na revista brasileira de Economia. Abaixo irei fazer um breve resumo da metodologia usada e dos resultados, extraido do artigo original:

Segundo o autor, os estudos que tentam comprovar a superioridade da análise técnica estão sujeitos ao fenômenos de data-snooping (um bias estatistico gerado pelo mau uso de tecnicas de extração de dados),
já que é muito provável que, dentre milhares de estratégias diferentes, alguma (ou algumas) apresente performance superior (em termos de excesso de retorno). Isto poderia ter ocorrido simplesmente ao acaso e não devido à uma capacidade preditiva superior da estratégia.

Tentanto minimizar este problema, trabalhos posteriores (Brock et alii, 1992) utilizaram a técnica de bootstrap para simular realizações alternativas da série dos preços. A técnica bootstrap consiste na reamostragem dos dados para estimação da distribuição de um estimador ou estatística de teste. Esta técnica permite, sob algumas condições, construir a distribuição empírica da performance de uma estratégia de análise técnica particular e assim, verificar se uma performance estatisticamente significativa é realmente devido à uma capacidade preditiva superior, ou um mero produto do acaso.

A dificuldade em encontrar analiticamente a distribuição dos retornos (ou o índice de Sharpe) das estratégias de investimento, torna necessário o uso de técnicas de reamostragem para estimá-la. O procedimento consiste em extrair aleatoriamente diversas amostras dos retornos, calculando em cada extraçã a estatística de teste desejada. Usamos estas estatísticas para encontrar a probabilidade empírica do evento desejado, possibilitando a realização dos testes de hipótese.A existência de dependência nos dados faz com que esta reamostragem precise ser feita de forma a capturar adequadamente esta característica do processo gerador dos dados (PGD).

São utilizados testes de habilidade preditiva (White, 2000, Hansen, 2001) para verificar a hipótese de superioridade destas regras de decisão como forma de investimento. Os resultados indicam que nenhuma das 14.630 estratégias de análise técnica é capaz de gerar retornos estatisticamente significativos quando os efeitos de data-snooping são levados em conta.

Veja a conclusão do autor:

Após a realização dos testes, concluimos que as estratégias de análise técnica não devem ser utilizadas para auxiliar as decisões de investimento. Não somos capazes então de rejeitar a hipótese de eficiência de mercado, já que as estratégias não remuneram adequadamente o investidor. Como mostram os resultados acima, a performance destas estratégias é fruto do acaso e seu uso leva o investidor médio a fracassar na tentativa de obter ganhos em relação aos da estrategia ''comprar-e-esperar''. O uso conjunto das informações do espaço de estratégias,nos mostra na verdade, que elas não são capazes de gerar retornos significativos.

Os resultados são similares aos encontrados nos mercados internacionais, contribuindo para o conjunto de evidências que mostram aos investidores que as estratégias de análise técnica (pelo menos nas formas simples como as utilizadas neste artigo) não são úteis como investimento.

Quem tiver interesse em ler o artigo original aqui vai um link:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402003000400013



A dificil arte da Análise Fundamentalista

Uma outra escola de investimentos é a da análise fundamentalista. Dentro da análise fundamentalista existem 2 estratégias. A primeira estratégia parte da analise dos multiplos fundamentalistas (P/L, P/VPA, PSR, EV/EBTIDA, ROIC, Dividend Yield, Divida Bruta / PL e margens), tanto isoladamente e tambem em comparação com os valores historicos destes indicadores da empresa, e em relação aos indicadores das demais empresas do setor. E a partir dai se faz uma analise se esta empresa está barata ou cara em relação aos seus valores historicos ou aos valores do setor. Falaremos mais sobre estes indicadores posteriormente.

A segunda estratégia tenta estabelecer um preço justo para esta ação; existem várias maneiras de calcular o preço justo de uma ação. Um dos métodos mais usados é o de fluxo de dividendos descontados; ela parte do presuposto que o valor de uma ação é o resultado de todos os dividendos futuros que esta ação proporcionara. O investidor analisa o crescimento dos lucros por ação e dos dividendos e faz uma estimativa dos dividendos futuros e aplica uma taxa de desconto para trazer ao valor presente. Existem tambem vários outros modelos de precificação.

E por que ao analisar os preços justos de um mesmo ativo encontramos tanta diferença entre vários analistas?? Como vimos num post anterior o futuro é incerto. E estas equações para determinar o preço justo usam várias estimativas sobre o crescimento da empresa, valores futuros de lucro por ação e de dividendo e taxa de desconto (relacionada com a taxa selic do período, que é considerado o ativo de menor risco). Então este preço justo na verdade se baseia em uma manutenção da taxa de crescimento dos lucros e dividendos e da manutenção da taxa selic em valores atuais ou menores. Se houver uma queda dos lucros, ou da taxa de crescimento da empresa ou um aumento da taxa selic, que vai levar a aumento da taxa de desconto então automaticamente o preço justo de uma ação vai cair. E isto vai depender das condições macroeconômicas e das decisões da direção da empresa. Então existem diversos fatores futuros que podem alterar drasticamente o valor justo de uma empresa. É por este motivo que após encontrar o preço justo o investidor deve ainda determinar uma margem de segurança para a aplicação. E é por este motivo que a análise fundamentalista também não é infalivel, pois mudando-se as condições econômicas todos estas variáveis podem mudar.

Precisamos então estar atentos ao analisar o preço justo de alguns ações que tiveram altas taxas de crescimento nos ultimos anos como a Vale e a Gerdau. Ao usarmos as taxas de crescimento dos ultimos anos chegaremos a um valor justo da empresa bem alto. Mas é óbvio que taxas de crescimento muito altas não são sustentáveis no longo prazo. Então devemos esperar crescimentos bem menores no futuro. E isto sem falar dos impactos da crise econômica.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A ilusão do grafista

Hoje em dia a análise Técnica é muito popular entre muitos investidores. Existem vários livros, cursos, sites e blogs sobre análise gráfica. Ela é muito usada entre os traders, que usam os padrões de preços, linhas de tendencia, suportes, resistências, canais, volume e vários indicadores computadorizados para tentar prever a direção futura de uma ação ou do mercado como um todo. Alguns usam teorias exóticas como a teoria de Dow, ondas de Elliot e Fibonacci.

O fato é que a análise tecnica pode nos dar uma boa idéia do que aconteceu no passado, mas não tem nenhum poder de prever o comportamento futuro de uma ação. O problema é o lado direito do gráfico (o que ainda vai acontecer) que é imprevisivel. O movimento de preços de uma ação é o resultado da ação de milhares de players, analisando dezenas de variáveis e na verdade não obedece a nenhum padrão. Se vc encontra um determinado padrão gráfico isto não quer dizer nada sobre o futuro. Você pode acertar, assim como errar. As chances são de aproximadamente 50%-50%. Até analistas tecnicos famosos como Joe Ross admitem que os analistas tecnicos erram em 75% das vezes e só conseguem sobreviver no mercado se tiverem um bom gerenciamento de risco e position sizing.

Se a análise técnica funcionasse os analistas tecnicos viveriam de seus trades, e não teriam interesse nenhum em ensinar a alguem suas tecnicas. Mas o que acontece realmente é que eles não vivem da bolsa; vivem de dar palestras, aulas, vender livros e cursos.

O que as pessoas esquecem é que o grafico segue o comportamento da ação e não o contrário.

domingo, 5 de julho de 2009

A incerteza do futuro

Um dos livros mais famosos entre investidores, principalmente os iniciantes é o Axiomas de Zurique, de Max Gunther; que trata basicamente de estratégias para especular na bolsa, algo muito em moda hoje em dia. Apesar de não recomendar suas estratégias acho que vale a pena uma lida, pois como tudo na vida existe muita coisa boa a se aproveitar no livro. Um dos melhores capítulos é o que trata do 4º Grande Axioma - Das Previsões. Acredito que todo investidor deveria ler e aprender as verdades expressas neste capítulo. Transcrevo abaixo algumas das melhores partes:

* O comportamento do ser humano é imprevisível
* A Verdade é que ninguem tem a mais remota idéia do que vai acontecer ano que vem, semana que vem, nem sequer amanhã. É da maior importância jamais levara sério economistas, especialistas em mercado, nem quaisquer outros oráculos financeiros.
* Os que fazem previsões financeiras exibem as vezes meia duzia de palpites que deram certo, mas nunca divulgam a lista de todas as coisas que errou.
* "É fácil ser profeta" disse o economista Dr. Theodore Levitt na Business week. "Você faz 25 previsões e depois só comenta as que deram certo".
* Todo profeta as vezes acerta e as vezes erra - erram mais do que acertam, mas quem é que vai advinhar?
* O mundo do dinheiro é um mundo de eventos humanos; e não há método, nem existe ninguem capaz de prever eventos humanos.
* O fato, simplesmente, é que são demais as variáveis envolvidas, para que se possa obter uma previsão confiável de algo como a taxa de inflação. Esta taxa resulta de milhões de pessoas tomando bilhões de decisões: operários decidindo quanto querem ganhar, patrões decidindo quanto querem pagar, consumidores estabelecendo os preços que estão a fim de engolir.
* Assim, não monte suas estratégias de investimentobaseado em previsões, por que pode não dar certo. No mundo do dinheiro, ninguem tem a mais remota idéia do que irá acontecer no futuro. Preste bem atenção: ninguem.

E todos nós podemos ver a verdade desde axioma em vários exemplos no ano passado. É só avaliar as previsões do inicio de 2008 do Ibovespa de todas as corretoras. Nenhuma delas previu a grande crise e a queda que iria ocorrer no mercado de ações. Nenhuma. Nenhum economista ou analista financeiro famoso sequer imaginava o tamanho da crise que se avizinhava, além de uns poucos. Então tome muito cuidado com as previsões dos analistas financeiros sobre o PIB, taxa de juros, cambio, desemprego, inflação, o Ibovespa e valores justos para ações, que sempre mudam e sofrem revisões. Analise-os pelo que realmente são - incertos, faliveis; e não baseie suas decisões e seu futuro exclusivamente nelas.

Ninguem presta atenção aquelas letrinhas que dizem "retornos passados não são garantias de retornos futuros". Todos acham que só porque um fundo de ações ou um fundo multimercado alanvancado rendeu muito nos ultimos anos ele vai continuar rendendo assim. Exemplos não faltam, incluindo um fundo de ações muito famoso por seus retornos acima da média e que na crise do ano passado faliu. E tambem a maioria esquece que retornos acima da média na maioria das vezes são conseguidos com posições muito arriscadas em mercados futuros, alavancadas, em que se o mercado for contra a aposta do gestor o fundo pode perder mais do que o patrimonio e voce pode ficar com saldo negativo, devendo no fundo.

Então precisamos estar preparados para um futuro imprevisivel. Nossos investimentos devem ter uma base sólida e não se basear apenas em previsões faliveis. Precisamos ter uma estratégia definida e focar bem no gerenciamento dos riscos que corremos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um Lanchinho Gratis

Um dos ditados mais famosos no mercado financeiro é "There's no free lunch", que em uma tradução livre para o português seria o nosso "Não tem boquinha, não." Este ditado refere-se ao fato de que quanto maior o retorno de um investimento, maior o seu risco; ou seja, não existe um meio de ganhar dinheiro fácil, sem riscos. Assim um dos principais fatores que um investidor deve ter em mente é o gerenciamento de riscos. Uma das pricipais maneiras de gerenciar e diminuir os riscos é através da estratégia de alocação de ativos, o famoso "Não colocar todos os ovos na mesma cesta". Sobre este tema vale a pena estudar um pouco o trabalho de Harry Markowitz sobre a Teoria Moderna do Portfolio.

Markowitz define risco como o desvio padrão dos retornos esperados de um investimento. E além do risco e retorno de um investimento ele avalia a correlação entre várias classes de investimento (ou co-variancia). Se 2 investimentos se movem juntos na mesma direção eles tem uma correlação positiva (por exemplo o preço do barril do petróleo e a cotação da ação da petrobrás) e se eles se movem em direções opostas eles tem uma correlação negativa (por exemplo o Dolar e Ibovespa). E dois investimentos podem tambem não ter nenhuma correlação.

Mas qual a importância disto? É que quando montamos um portfolio de investimentos com várias classes de ativos que tenham pouca correlação uns com os outros podemos diminuir o risco a nivel de portfolio. Menos risco sem uma diminuição do retorno. Isto é o mais próximo que podemos ter de um lanchinho grátis.

O maior problema da teoria do Markowitz é que ele usa retornos historicos de um ativo para determinar o risco e retorno futuro. E como sabemos, mas muitos esquecem, nem sempre o futuro repete o passado.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cenário Macroeconômico

Existem 2 estratégias de análise de investimento; a estratégia Bottom-Up e a estratégia Top-Down. Na estratégia Bottom-Up, preferida por vários investidores fundamentalistas, procura-se analisar qual é a melhor empresa para se investir baseado nos dados de balanços e análise de multiplos fundamentalistas, e comparando-se com os seus concorrentes; além da análise qualitativa de aspectos como gestão e "marca". Após escolher as melhores empresas, espera-se que elas se deem bem em diversos tipos de cenários econômicos. Já na estratégia Top-Down, o analista começa pela análise macro-econômica, analisando a economia, Pib, taxa de juros, câmbio, inflação, e comercio internacional e após a análise do cenário mais provável ele seleciona que setores dentro da economia devem performar melhor; e após isto, dentro destes setores, qual a empresa deverá se sair melhor.

Apesar de cada uma das estratégias ter suas vantagens e desvantagens acredito que a melhor seja a estratégia Top-Down. Isto porque os modelos de precificação do valor futuro das ações dependem de vários fatores macro-econômicos como a taxa de juros, câmbio (para exportadores) e os preços das matérias-primas e produtos. Vimos um importante exemplo no ano passado quando a crise econômica mundial deflagrou uma grande liquidação de ativos na bolsa, e sendo as mais afetadas as blue chips Petrobras, Vale e Siderurgicas, devido a queda no preço do Petroleo, minério de Ferro e commodities.

E qual o cenário Macro-Econômico atual? Não é dos melhores. Estamos no meio de uma grande recessão mundial em todas as principais economias mundiais, Estados Unidos, Europa e Japão; em resultado da grande diminuição do crédito mundial. Estes países enfrentam grandes deficits publicos, aumento do desemprego, aumento das falencias, diminuição da atividade econômica e das exportações / importações; deflação de preços das matérias primas e do mercado imobiliário. Em resposta a crise vemos os governos injetarem grandes quantidades de dinheiro no sistema para tentar conter a deflação e reinflar a bolha em que estavamos antes; com aumento dos riscos de inflação no futuro. Neste cenário desafiador os riscos são grandes, assim como as oportunidades. E um dos principais fatores a ditar o sucesso de um investimento será a gestão de risco.