terça-feira, 20 de abril de 2010

Mudando de estratégia

Devido a IN da receita federal ter tornado claro que os ETFs não tem isenção nas vendas abaixo de R$ 20.000,00 assim como as ações, sendo obrigatório sempre que vender pagar o IR de 15%, decidi vender meus ETFs e mudar para uma carteira de ações.

As vantagens de uma carteira de ações são principalmente a vantagem tributária, além de receber os dividendos diretamente na conta da corretora, tendo opção de gasta-los ou reinvestir (podendo reinvestir na mesma ação ou em outra, ou em outra classe de ativos). A desvantagem principal é ter uma carteira mais concentrada, tendo assim maior volatilidade e maior risco. Exige tambem uma gasto maior de tempo na gestão da carteira. A idéia inicial é tentar montar uma carteira baseada no Ibovespa. Analisando o Ibovespa vemos que ele é muito concentrado em poucos papéis, tanto que Petrobras e Vale correspondem a quase 30% do Ibovespa e com 20 ações abarcamos 75% do Ibovespa. Obviamente os custos totais precisam ser baixos. Considero que o custo de montagem com corretagem deva ser menor que 0,5% do valor total da carteira. Desta forma estaremos mantendo custos competitivos em relação aos ETFs (pelo menos ao BOVA11 -0,54% de taxa de administração). Depois da montagem os custos de manutenção são mínimos. Uma coisa que ajuda nisto é selecionarmos uma corretora com corretagem barata.

Obviamente a carteira vai se desviar um pouco da performance do Ibovespa, mas não deve se desviar tanto, justamente pelo fato do Ibovespa ser tão concentrado. Obviamente quanto maior a carteira mais fidedigno seria uma replicação. Eric Kutchukian fez um estudo avaliando a replicação do Ibovespa com carteiras pequenas entre 2000 e 2008, onde ele testou 2 modelos de replicação e o que ele achou foi que nenhum dos modelos replicava perfeitamente o Ibovespa mas que também não se afastavam muito da performance do Ibovespa. As tabelas abaixo, retiradas deste estudo mostram respectivamente a diferença de retorno cumulativo (tracking error) durante o período de 8 anos e a segunda tabela a diferença diária de retorno entre as várias carteiras e o Ibovespa.








Podemos ver que dependo do numero de ativos que foram montadas estas carteiras que algumas tiveram retorno melhor e outras retorno pior que o Ibovespa. A carteira com 6 ativos teve retorno de -15,74%; a com 10 ativos chegou a ter um retorno cumulativo total de 17,45% acima do IBOV, enquanto que uma carteira com 18 ativos teve retorno de -4,2% menor que o IBOV. Obviamente estas diferenças refletem principalmente as diferentes ações que compunham cada carteira. Se analisarmos estes resultados veremos que se a diferença de retorno não for muito grande a vantagem tributária de uma carteira de ações se torna bem interessante.

O estudo completo pode ser lido no link http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/trabalhosPDF/1014.pdf

Assim estarei abrindo mão de uma performance semelhante ao IBOV em busca de ganhos tributários. Será que os ganhos tributários compensaram a diferença?? Acho que só o futuro dirá. Mas eu estou disposto a correr este risco. Um outro motivo que me levou a esta mudança esta relacionado a vantagem de poder usar os dividendos na complementação da aposentadoria. Mas vamos deixar isto para um outro post.

6 comentários:

  1. Ótimo artigo, Investimentos!


    Dado o seu alto nível de conhecimento, acredito que seja uma boa ideia o investimento direto em ações.


    Boa sorte e sucesso!



    É isso aí!
    Um grande abraço, e que Deus os abençoe!

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  2. Inv. e Fin.,

    Acima de tudo obrigadíssimo pelo estudo em PDF. Ele é exatamente o que eu estava procurando há um tempo.

    No entanto, questiono-me: seria vantagem ao investidor individual possuir Petr3 ao invés de apenas petr4? Os ganhos com maiores dividendos e menor spread não superariam a improvável hipótese do tag along e o poder de voto, inútil para nós investidores individuais mas valorizados por outros?

    Ao menos filosoficamente essa é uma mudança radical, pois implica fatalmente em um investimento que não é totalmente passivo.

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  3. Muito interessante o artigo. Valeu!
    Aproveitando a presença do "Viver de Renda" gostaria de entender o gráfico que ele apresentou no seu artigo "A TSR(Taxa segura de retirada) - Parte I". Confesso que não consegui entender o que está nos eixos das abscissas x ordenadas. Aproveitando,....e aí, quando sairá a parte 2 do artigo?

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  4. Hotmar,

    Obrigado. Vamos trocando idéias.

    Viver de Renda,

    Realmente vai precisar de um pouco mais de gestão mas vai ser totalmente passiva e buy and hold, apens com eventuais realocações pontuais. Sobre a replicação do IBOV vou fazer algumas adaptações. Não vou investir na PETR3 e VALE3; Vou manter somente PETR4 e VALE5, para facilitar e pela maior liquidez e dividendos; já no caso de outras empresas vou fazer o contrário. Pensei em trocar GGBR4 por GGBR3; BBCD4 por BBDC3; e ITUB4 por ITUB3; visto serem mais baratas e terem distribuição de dividendos semelhante; a liquidez menor não deve ser um grande problema.

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  5. Acho que vc tem muito a ganhar! Os 15% de imposto de renda que você deixará de desembolsar provavelmente compensarão eventual rentabilidade menor da sua carteira. Acho que o principal objetivo agora deve ser manter baixíssimos os custos de corretagem.

    Outra coisa que eu sempre penso é no fator experiência... Comprando fundo, a sua experiência "não importa", mas na análise de ações ela vai ser fundamental. Mesmo que você se atenha aos ativos do ibovespa, vai acabar tendo que fazer algum juízo de valor... E vai ficar melhor nisso com o passar do tempo.

    Muito boa sorte!

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  6. Gui Rodrigues,

    Acho tambem que a vantagem tributária compense.
    Quanto a questão de experiência, o que a experiência me mostrou é que o futuro é imprevisível. Assim, aposte nas maiores e melhores empresas (que são justamente as do IBOV), diversifique; mas faça isto apenas com uma parte do seu capital. Invista tambem em outros ativos, renda fixa, ouro e imóveis e as suas chances de errar diminuem muito. A idéia não é acertar a melhor empresa e ficar rico, mas não errar, não perder.

    Lembra da regra numero 1 do Warren Buffet? Nunca perca dinheiro. E a regra numero 2? Nunca esqueça a regra numero 1. Nos investimentos quem nãop perde acaba ganhando.

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