A bovespa vem tendo uma serie de valorizações, já acumulando mais de 50% no ano, embalado por noticias menos ruins do que o esperado, incorporando um cenário de recuperação em V da economia mundial e tambem devido a percepção de que o Brasil estaria bem posicionado nesta crise devido ao sistema bancario não estar envolvido com os derivativos "tóxicos" e ter um mercado interno robusto; já há até analistas prevendo o inicio de um novo bull market. Mas não podemos ser tão precipitados pois, ao analisarmos melhor poderemos ver que os problemas essenciais que levaram a esta crise economica não foram resolvidos. E como sabemos o Brasil não é um "ilha" e depende muito das exportações; e quem manda na Bovespa é o capital estrangeiro.
Analisando por alto o mercado americano, o desemprego está em niveis recordes, as receitas do governo com arrecadação de impostos estão muito baixas, com alguns estados como a California praticamente falidos e o deficit nas contas é crescente; as familias estão com niveis altos de endividamento e com a ameaça de desemprego a grande maioria está tentando poupar e pagar as contas em vez de se endividar ainda mais, levando a uma queda no consumo, que é responsável por 70% do PIB americano. O governo americano precisa levantar muito dinheiro emprestado nos mercados internacionais, com as vendas de Treasuries para financiar seu deficit e os programas de Bailouts. E estes fatores não devem melhorar tão cedo, levando-nos a concluir que uma recuperação em V da economia americana é um cenário muito improvável. O cenário mais provável e que a economia americana levara anos para se recuperar, ao que parece em um cenario muito proximo ao Japão e sua "década perdida". Será que veremos o SP500 daqui há 10 anos ainda nos niveis atuais ??
A grande injeção de liquidez feita pelos bancos centrais mundiais levou a diminuição do risco de quebra do sistema, mas fica a questão se este excesso de liquidez pode levar a um aumento importante da inflação. Isto só o tempo dirá. Mas quais são os objetivos dos governantes mundiais com isto tudo?
- Eles tem o interesse de reinflar as bolsas mundiais, pois com a valorização das bolsas as empresas podem fazer IPOs e financiar seus debitos sem precisar de ajuda dos governos na forma de bailouts;
- Reinflar os mercados imobiliarios, pois com a valorização do mercado imobiliario muitos derivativos como as mortgage backed securities vão se valorizar e melhorar os balanços do s bancos;
- Desvalorização das moedas, principalmente o Dollar, para diminuir a carga de debito do governo americano e melhorar a balança comercial.
Mas em algum momento no futuro os deficits gigantescos dos EUA vão ter que ser realmente tratados, ou o sistema voltara a entrar em colapso. O que pode acontecer no futuro? Em algum momento os investidores podem exigir uma melhor remuneração para financiar o Tio Sam, levando a um aumento nas taxas de juros americanas; uma inflação crescente pode tambem exigir um aumento nas taxas de juros americanas; com consequentes impacto negativos na bolsa e no mercado imobiliario; ou os governos podem se ver forçados a desvalorizar ainda mais a moeda. Assim ao que parece os governos só estão adiando os problemas para o futuro, podendo resultar em uma crise ainda maior. De qualquer modo os prognosticos de longo prazo não são nada bons e eu não apostaria em um novo bull market.
Então o que fazer? Isto só reforça o que temos comentado nos posts anteriores. Devemos focar os nossos investimentos em uma adequada gestão de risco, usando os vários instrumentos disponiveis, como a alocação em diversas classes de ativos, diversificação, ter uma reserva de emergencia e estar preparado para quaisquer direções que a economia possa tomar. A analise fundamentalista mostra que existe pouco espaço para mais valorizações da Bovespa, mas como o mercado é imprevisivel devemos sempre manter uma parte do nosso capital investido na bolsa, mas tendo bem em mente os riscos.
Excelente análise! Parabéns!
ResponderExcluirUm dos pilares das finanças comportamentais aborda que, para a maioria das pessoas, novas informações tem um peso muito maior do que as antigas.
Deste modo, elas "esquecem" de olhar os fundamentos de longo prazo e atentam para notícias com dados "menos piores"...
Abraços!
hcinvestimentos,
ResponderExcluirA analise macroeconômica tem que ser sempre a base sobre a qual planejamos a melhor estrategia de alocação de ativos. E atualmente os fundamentos macro-economicos ainda são bem sombrios. O mercado está precificando uma recuperação em V. Se as previsões não se concretizarem poderemos ver uma nova queda da bolsa.